Com a participação de 44 pesquisadores, 10 universidades, quatro empresas (sendo duas startups) e quatro hospitais, o governo gaúcho investirá na criação de uma rede de inteligência artificial (IA) aplicada à saúde no RS - a Rede CIARS. O projeto é um dos 14 contemplados pelo edital de R$ 30 milhões do programa Redes Inovadoras de Tecnologias Estratégicas (RITEs), criado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapergs).
Com R$ 2,25 milhões em recursos públicos, a Rede CIARS terá como meta usar a ciência de dados e a IA para solucionar dificuldades do setor. Há inúmeras alternativas.
Será possível, por exemplo, criar sistemas capazes de ajudar especialistas a preverem surtos ou epidemias - algo fundamental na gestão pública. A partir de bases de dados robustas, também poderão ser desenvolvidos programas para auxiliar diagnósticos médicos.
Isso já ocorre com exames de imagem usados para detectar câncer de pele. Funciona assim: o sistema “aprende” a identificar quando uma mancha tem características cancerígenas e faz um alerta ao profissional responsável. É claro que a palavra final é dele, mas o computador pode ajudar, inclusive em outras áreas.
— Há uma infinidade de aplicações de IA na saúde. A ideia, com essa rede, é formar uma massa crítica que pense em conjunto saídas para os mais diversos problemas. Justamente por isso, a equipe é multidisciplinar e se complementa — explica Carla Maria Dal Sasso Freitas, professora do Instituto de Informática da UFRGS e coordenadora da CIARS.
A lista tem pesquisadores de universidades públicas e privadas (oito delas do RS, uma de Santa Catarina e uma de Portugal - veja abaixo) das mais distintas áreas do conhecimento - da estatística e do aprendizado de máquinas à computação em nuvem.
Principais objetivos
- Desenvolver novas técnicas para o monitoramento de dados de saúde no RS (inclusive no casos de surtos e epidemias)
- Criar sistemas capazes de auxiliar nos diagnósticos médicos
- Elaborar programas para ajudar hospitais na classificação de pacientes conforme nível de complexidade e urgência
- Criar ferramentas para ajudar gestores na tomada de decisão sobre a adoção de diferentes tecnologias
- Formar pessoal qualificado, inclusive por meio de bolsas, para trabalhar na área de saúde digital
Instituições participantes
Universidades
- Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
- Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)
- Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
- Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
- Universidade Federal de Rio Grande (Furg)
- Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
- Universidade de Passo Fundo (UPF)
- Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos)
- Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
- Universidade de Évora (Portugal)
Hospitais
- Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA)
- Hospital São Lucas da PUCRS
- Hospital Universitário Dr. Miguel Corrêa Jr. (da FURG)
- Hospital Mãe de Deus
Empresas envolvidas
- Epigenica Biosciences
- Noharm.ai
- Unimed Porto Alegre
- NVidia Corporation
Áreas de pesquisa dos estudiosos envolvidos
São 30 pesquisadores em Computação, nas especialidades de Inteligência Artificial, Ética em Inteligência Artificial, Ciência de Dados, Estatística, Aprendizado de Máquina, Mineração de Dados, Banco de Dados, Visualização de Dados, Interação Humano-Computador, Realidade Virtual e Aumentada, Bioinformática, Processamento de Imagens e Visão Computacional, Processamento de Linguagem Natural, Sistemas Embarcados, Redes de Computadores, Internet das Coisas, Computação em Nuvem e Processamento de Alto Desempenho, Engenharia de Software, Simulação e Modelagem Estocástica.
Os demais 14 pesquisadores cobrem áreas como Epidemiologia (de doenças infecciosas e doenças cardíacas), Psicologia, Biologia Celular e Molecular, Psiquiatria, Microbiologia Médica, Farmacologia, Análise de Imagens Médicas, Análise de Tecnologias em Saúde, Análise Econômica em Saúde, Qualidade Assistencial, Avaliação de Intervenções em Saúde e Gestão Hospitalar.
Há pesquisadores sênior e em início de carreira. A rede ainda contará com alunos de doutorado, mestrado e graduandos nas diversas atividades planejadas para o desenvolvimento e validação dos sistemas a serem criados.