Um artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo está despertando reações indignadas - e com razão. No texto, o antropólogo Antonio Risério sustenta que “pretos já contam com instrumentos de poder para institucionalizar seu racismo”. Risério aborda um suposto “neorracismo identitário”, que muitos chamam de “racismo reverso”, um racismo de negros contra brancos.
É óbvio que qualquer pessoa pode ser alvo de todo tipo de agressão, inclusive brancos. Mas o racismo vai muito além disso, em especial em uma sociedade como a nossa, fundada na escravidão.
Esse sistema - do qual deveríamos nos envergonhar - só foi abolido no Brasil em 1888, após séculos de brutalidade. O fim da escravatura não significou o fim do racismo contra negros, que se tornou estrutural. Padrões históricos seguiram e seguem se repetindo.
Ou por acaso é comum um branco ser olhado com desconfiança quando faz compras, ser confundido com ladrão (e apanhar por isso) ou perder vaga de emprego pela cor da pele?
Falo como mulher branca, com sobrenome de origem alemã, que teve as melhores oportunidades de estudo e trabalho e que não sabe o que é preconceito. A tentativa de inverter papéis, apontando os brancos como injustiçados e vítimas de violência racial, não para em pé.