Depois de ter sinalizado que poderia flexibilizar a restrição que perdura há quase oito anos no aeroporto Salgado Filho, o Ministério do Trabalho e Emprego voltou a proibir atividades gerais de solo no em dias de tempestades de raios no terminal. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União de quinta-feira (14).
Por causa dessa possibilidade de negociação, uma ação que tramita na Justiça foi suspensa. Procurada, a Fraport informa que ainda não teve acesso integral à decisão. Assim que isso for possível, informa que irá avaliar o que será feito.
Em janeiro, a superintendência regional da pasta, no Rio Grande do Sul, já havia se manifestado contrariamente à liberação. Na ocasião, a Fraport solicitava que a interdição fosse mantida de forma parcial. A administradora do aeroporto pediu que fosse liberada a acoplagem de aeronaves, que permite o desembarque dos passageiros.
A empresa se comprometeu a ampliar o sistema de proteção aos raios. Funcionários que atuam na pista atuariam em área protegida contra tempestadades.
No Brasil, essa proibição só é válida no aeroporto Salgado Filho. O manual da Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata) não determina a proibição das atividades em pista quando ocorre uma tempestade de raios. Há apenas uma recomendação para que haja a suspensão.
Somente em 2023, 43 mil passageiros em 343 voos foram afetados com a medida. Em apenas um caso, passageiros chegaram a ficar quatro horas dentro de um avião, já na pista do Salgado Filho, sem poderem desembarcar.
Morte na pista
A interdição ocorre em decorrência de uma morte na pista do aeroporto. Em julho de 2016, um funcionário da companhia aérea Latam foi atropelado durante uma manobra de uma aeronave da empresa em um dia de chuva. O profissional não estaria usando o fone de ouvido indicado para se comunicar com a cabine do avião. O receio se explica porque, se uma descarga elétrica atingisse a aeronave, a carga poderia ser direcionada ao homem que estava no solo.
Um mês depois do caso, a superintendência do Ministério do Trabalho no Rio Grande do Sul determinou a interdição. A Infraero, que administrava o Salgado Filho, foi notificada. A partir de 2018, a determinação passou a ser seguida pela Fraport, quando ela assumiu a administração do aeroporto.