O trecho 2 da Orla, entre a rótula das Cuias e o Anfiteatro Pôr do Sol, foi escolhido pela prefeitura para receber uma marina pública, um espaço que falta à Capital e que permitirá que embarcações possam usufruir das melhorias na região. Porém, o projeto de revitalização apresentado não prevê a dragagem do Guaíba no local, o que dificultará acesso dos barcos ao atracador.
Dessa forma, o investimento poderá não ter praticidade para as embarcações, sendo uma marina pública “instagramável”, ou seja, boa apenas para fotos dos frequentadores da Orla. Recentemente, o navegador Amyr Klink fez críticas à proposta do Executivo, exatamente por não pensar no setor hidroviário. Segundo ele, a reforma “tinha de começar pela água”.
O vereador Moisés Barboza (PSDB) chamou a atenção da prefeitura de Porto Alegre no dia em que o projeto do trecho 2 foi apresentado aos parlamentares. Segundo ele, a medida é fundamental para a revitalização, orçada em R$ 400 milhões. Barboza inclusive sugere que o custo da dragagem seja abatido do valor da areia que pode ser retirada do Guaíba.
- Construir uma marina pública, gastar milhões de reais e não ter acesso para embarcações é uma piada - destaca o vereador.
Atualmente, a extração de areia é permitida apenas no canal de navegação das embarcações. O material não é retirado. Ele é depositado no próprio lago, o que faz com que, em pouco tempo, acabe retornando para o lugar de origem.
A secretária municipal de Parcerias (SMP), Ana Pellini, reconhece que o assunto ainda não foi tratado com o governo do Estado. Mas garante que o tema será abordado.
- Não era ainda a hora. Temos que ter um detalhamento do projeto para ver exatamente como será o acesso à Marina. Temos que ver com o Estado, que é o responsável pela hidrovia. Mas ainda não está acertado como vai ser - destaca a secretária.
O assunto precisará ser discutido pelos técnicos da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). O chefe da Casa Civil, secretário Arthur Lemos, já foi informado sobre essa intenção.
- A Fepam somente será instada a se manifestar em processo licenciatório. Em diálogo com o vereador Moisés colocamos o Estado à disposição para participar ativamente e em conjunto para ação concatenada - informa Lemos.
O trecho 2
As obras estão previstas para serem realizadas a partir de 2025, e vão durar até quatro anos. A proposta prevê, como equipamentos obrigatórios a serem construídos, o anfiteatro, o centro de eventos, a marina pública e um farol-mirante. Entre os equipamentos propostos também estão um museu aquário, um hotel-flutuante e uma esplanada para até 30 mil pessoas, entre outros.
O prazo de concessão do espaço será de 35 anos. A construção ficará a cargo do parceiro privado, escolhido por meio da licitação. O centro de eventos será construído pela empresa, mas com recursos públicos.