O sistema de produção rural do Brasil é a maior, melhor e mais relevante conquista da economia brasileira em nossa era. O agro transformou o Brasil num dos dois ou três maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo. O país hoje produz cinco vezes mais do que consome; tornou-se um fator essencial para a segurança alimentar da humanidade.
No ano passado, o agro exportou US$ 160 bilhões – e isso continuou a garantir o saldo na balança comercial. É o que fornece ao Brasil os dólares necessários para comprar tudo o que precisa no Exterior; e por conta da agropecuária, o Brasil está com reservas de US$ 350 bilhões. É por isso que o Brasil não tem mais “crise cambial” e a economia não entra em parafuso por falta de dólar. O progresso do agro trouxe os milhões de hectares da Região Centro-Oeste para dentro da economia; o Mato Grosso, sozinho, produz hoje mais soja do que a Argentina toda. Um novo mercado foi criado no interior do Brasil. São bilhões de reais consumidos com produtos e com serviços fornecidos pelo restante da economia brasileira.
É apenas uma prova a mais da recusa dos mandarins da educação brasileira em aceitar realidades
Tão importante quanto isso tudo é o fato de que a produção rural cresce porque decidiu andar junto com a tecnologia. É o que faz a diferença para criar uma economia capaz de competir nos mercados globais, aumentar a sua eficiência e crescer em bases sustentáveis. As exportações do agro em 2023 valem mais do que toda a produção de petróleo da Arábia.
Tudo isso são fatos; não é uma interpretação, nem depende daquilo que o cidadão acha ou não acha. Mas o último Enem exigiu que os candidatos respondessem que o agro é uma atividade nociva ao Brasil, nas perguntas feitas sobre o tema. Ou era isso, ou a resposta estava errada – assim como era obrigatório responder que o capitalismo é uma doença social gravíssima etc. etc. etc.
Não afeta em rigorosamente nada, é claro, nem o agronegócio nem o capitalismo. É apenas uma prova a mais da recusa dos mandarins da educação brasileira em aceitar realidades; só acreditam nas suas próprias ideias, ou ilusões. Os autores do Enem não se conformam com o fato de que o agronegócio brasileiro é uma prova de que a solução para a atividade rural está na aplicação do capitalismo, e não da “reforma agrária”.
O responsável pelo exame sustentou uma ideia realmente prodigiosa. Segundo ele, os organizadores do exame “não são contra o agro”. Por que raios, então, obrigaram os alunos a escrever que o agro é um horror? Mas a intolerância faz isso mesmo. A posição contrária não pode ser admitida, nunca – o Enem, segundo os seus responsáveis, está acima de qualquer julgamento crítico.