Encontra-se em plena montagem, já na fase do acabamento, o governo Dilma 3. O Lula de 2003 não existe mais. Sua abordagem prudente da economia e o reconhecimento de que o governo tinha de respeitar os mecanismos básicos do processo de produção sumiram. O que existe agora é um Lula obcecado em fazer do Brasil um experimento de “socialismo”: como ocorreu com a “nova matriz econômica” de sua sucessora, quer impor aos brasileiros um país igual aos modelos desenhados nas cartilhas do PT. Mais que tudo, o novo presidente e o seu entorno não admitem que possa haver pensamentos e propósitos diferentes dos seus. É um contrato de desastre.
Dilma deixou um Brasil com a pior recessão da sua história econômica, desemprego maciço, inflação a caminho do descontrole, falência geral dos serviços públicos e índices recorde de miséria – além de um curso de pós-graduação em matéria de incompetência pura e simples. Lula, pelo que saiu até agora do “governo de transição”, vai repetir a dose. Escolheu para seu ministro da economia um subalterno pessoal que confessou, publicamente, que não entende nada do assunto; não foi nomeado pela sua competência técnica, mas simplesmente é quem vai obedecer com mais empenho às ordens do presidente. Já se sabe muito bem que ordens são essas: entregar todos os recursos financeiros do país ao PT, aos amigos do PT e aos amigos dos amigos.
Nada poderia comprovar de forma tão clara a privatização do Estado brasileiro em favor dos interesses representados pelo sistema Lula-PT do que a aprovação pela Câmara, na calada da noite e em cima das coxas, das mudanças na Lei das Estatais. A Câmara, como se sabe, transformou-se num serviço de atendimento às ordens de Lula três minutos depois de o TSE anunciar o resultado da eleição. Seu feito mais notável neste curto espaço de tempo foi rasgar a Lei das Estatais, aprovada no governo Michel Temer e no clamor de moralização levantado pela Operação Lava-Jato. A lei estabelece que uma pessoa só pode ser nomeada para cargos de diretoria em empresas estatais três anos depois de deixar o exercício de funções políticas; a Câmara, agora, reduziu esse prazo para 30 dias. Qual a razão lógica de uma mudança dessas? A redução do prazo serviu unicamente para entregar o BNDES, um dos cofres mais recheados da República, ao dirigente petista Aloizio Mercadante – que compete com o ministro da Economia para ver quem obedece mais ao sistema Lula-PT. É essa a democracia que acaba de ser salva pelo heroísmo dos altos tribunais de Justiça deste país. Tem toda a cara da calamidade dilmista.