O ex-presidente Lula, já há muitos anos, vive num estado permanente de mentira; é duvidoso, a essa altura, que consiga dizer a verdade, mesmo fazendo força. Na campanha eleitoral tudo ficou pior. Ele precisa falar mais – e, aí, o resultado inevitável é que passa a mentir mais. É uma falsificação automática, compulsiva e arrogante de todos os fatos, mesmo os mais evidentes. Deixou para ele de ser apenas uma maneira desonesta de se ver a realidade; virou uma doença. Há tempo, até a eleição, para Lula fazer um último esforço de superação e romper limites ainda desconhecidos em matéria de mentira. Mas é difícil, francamente, que consiga igualar seu acesso mais recente de impostura em estado bruto – uma entrevista na qual disse que “o PT está cansado de pedir desculpas”.
É, possivelmente, a mentira mais grosseira de todas as que disse neste seu esforço para voltar à Presidência da República. “Cansado?” Como assim, “cansado”? Quando foi que o PT ou ele mesmo pediram alguma desculpa a alguém pela calamidade moral que foi o seu governo? Nunca, em tempo algum. Acontece exatamente o contrário: Lula chefiou o governo mais corrupto dos 522 anos de história do Brasil, foi para a cadeia por roubar, e até hoje não pediu um fiapo sequer de desculpa por nada do que fez. É, aliás, um dos aspectos mais grosseiros de sua má conduta, e motivo de cobrança o tempo todo – sua recusa em reconhecer erros de qualquer natureza, pedir perdão e demonstrar um mínimo de humildade. Ao contrário, quanto mais fica provada a ladroagem desesperada da sua passagem pela Presidência, mais agressivo ele se torna – convenceu a si mesmo, e quer convencer os outros, que é o Brasil que deve desculpas a ele.
Lula, em seu progressivo surto de negacionismo, está cansado, isso sim, de ser chamado de ladrão. Mas o que é que se pode fazer quanto a isso? Quem diz que ele é ladrão, oficialmente, é a Justiça brasileira, que o condenou pelos crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro, em três instâncias sucessivas e por nove magistrados diferentes. Não é mais possível, agora, apagar esse fato, nem os 20 meses que ficou num xadrez de Curitiba – nem as confissões de culpa, por corrupção, nos processos da Lava-Jato, nem a devolução de fortunas em dinheiro roubado. Quem, neste mundo, devolve dinheiro que não roubou? Não há como responder a isso.