Nesta semana, duas influentes publicações internacionais se manifestaram contra o bloqueio do X no Brasil.
O jornal norte-americano Washington Post, ontem, e a revista britânica The Economist, na terça-feira (3), publicaram textos em que criticam o cerceamento da liberdade de expressão e dão razão a Elon Musk na queda de braço com Alexandre de Moraes.
“Em sua luta pela liberdade de expressão, o X de Musk está do lado certo”
O Washinton Post traz o texto mais incisivo, criticando diretamente o ministro do Supremo Tribunal Federal: “A campanha de Moraes pelos bloqueios pode ter sido efetiva no combate às teorias da conspiração da direita, mas com um custo substancial à liberdade de expressão”. O bloqueio do X, diz o texto, “soa autoritário, e é”.
Para o Washington Post, junto com a determinação de congelar as contas da Starlink, uma empresa separada (grifo do texto original) de Musk, “a atitude de Moraes alinha o Brasil não com o mundo livre, mas com China e Rússia”.
O texto segue: “Os brasileiros não deveriam precisar lidar com um governo que sufoca pontos de vista políticos, por mais abomináveis que a Corte pense que são.” E conclui: “O episódio é uma lição para democracias que acreditam que a resposta para manifestações problemáticas online seja calá-las”.
Observação: o jornal diz que o bloqueio afeta 220 milhões de usuários do X; na verdade, esta é a população total do Brasil, e o número de usuários da plataforma aqui é 22 milhões.
“Enquanto o Brasil bane o X de Elon Musk, quem defenderá a liberdade de expressão?”
O editorial da Economist é uma análise mais ampla do que considera o cerceamento da liberdade de expressão pelo mundo. Critica uma série de países, começando pelo Brasil. Mas cita também a detenção do fundador do Telegram, Pavel Durov, na França, a prisão de pessoas no Reino Unido pelo que postaram durante protestos recentes e a própria ameaça dos Estados Unidos de banir o chinês Tik Tok. “Os argumentos em torno da liberdade de expressão estão entornando à medida que governos cerceiam o discurso online.”
No entanto, o texto justifica a prisão de Durov e critica o Tik Tok por seus laços com o governo chinês. Mas questiona o banimento de perfis em redes sociais e a prisão de pessoas por postarem conteúdo considerado “ofensivo”.
“Apenas com a liberdade de errar, sociedades podem lentamente avançar em direção ao certo. O que mudou é que hoje, a oposição mais ferrenha ao cerceamento da liberdade de expressão vem da direita (...) e aqueles que discordam das políticas de Musk e seus aliados fazem vista grossa às atrocidades.”
O editorial faz uma ressalva: “Cercear discursos afeta a todos que usam redes sociais, e não apenas os donos delas. E a liberdade de expressão não está exatamente a salvo nas mãos de liberais como Musk, que processa quem discorda dele, bane palavras que não gosta de suas plataformas e é cordial com Vladimir Putin.” E conclui: “É hora dos verdadeiros liberais se manifestarem”.
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