Vai faltar espaço físico para armazenar dados no planeta Terra.
Ué, mas não está tudo na nuvem? Sim, mas tudo o que vai para "a nuvem" precisa ser processado em lugar físico: os data centers. E, com o avanço da inteligência artificial e a progressão geométrica do volume de informações, já começam a faltar espaços para construir essas centrais. No Brasil, esse mercado cresceu 628% entre 2012 e 2013, segundo a consultoria BNamericas (Porto Alegre é um dos quatro principais hubs do país, junto com Campinas, Barueri e Fortaleza).
Um estudo em andamento na União Europeia concluiu que é “tecnicamente, economicamente e ambientalmente viável” colocar data centers EM ÓRBITA.
O projeto chama-se Ascend (Advanced Space Coud for European Net zero Emission and Data sovereignity), e faz parte de um programa maior, o Horizon Europe, para combater o aquecimento global e potencializar a sustentabilidade no continente.
E os pesquisadores concluíram que seria um bom negócio alocar data centers gigantescos no espaço sideral principalmente porque, lá, a energia solar para manter os equipamentos é infinita.
Na Terra, os data centers precisam de muita eletricidade para funcionar e muita água para refrigerar os servidores. O consumo global dessas centrais deve chegar a 1 mil terawatt-hora em 2026, mais ou menos o equivalente à demanda do Japão inteiro.
Nos Estados Unidos, onde ficam 30% dos data centers do mundo, o consumo de água já se tornou um problema, como mostra esta reportagem do Washington Post. Uma grande central pode consumir tanta água quanto uma cidade de 10 mil habitantes em um dia.
No espaço, ao mesmo tempo em que ficariam permanentemente expostos à luz solar, não haveria necessidade de refrigeração.
O estudo europeu, que levou 16 meses e custou 2 milhões de euros, concluiu que os data centers espaciais ficariam em órbita a uma distância de 1,4 mil quilômetros da Terra, ou três vezes mais longe do que a Estação Espacial Internacional. O gerente do projeto, Damien Dumestier, disse à CNBC que o projeto seria lançar 13 blocos data centers (cada um com 6,3 mil metros quadrados de superfície) com capacidade total de 10 megawatts em 2036 para dar início à comercialização do serviço. Depois, chegar a 1 mil unidades até 2050.
E, diga-se de passagem, lançar seus próprios data centers é também uma forma de a Europa seu autossuficiente e até competir neste setor, hoje dominado por Estados Unidos e China.
Mas sempre tem um porém
O problema é a quantidade de combustível para manter os data centers no espaço. O diretor-executivo da Associação Europeia de Data centers, Michael Winterson, estima que um equipamento pequeno, de 1 megawatt em órbita baixa demandaria 280 mil quilos de combustível por ano, a um custo de US$ 140 milhões em 2030.
Também está em estudo por uma das 12 empresas parceiras do projeto o desenvolvimento de um foguete sustentável para os lançamentos, que emita 10 vezes menos gases e seja reutilizável por 15 anos.