O homem suspeito de investir dinheiro sujo em restaurantes na Serra é um antigo conhecido da Polícia Civil gaúcha. Jair de Oliveira, o Jair Cabeludo, 52 anos, é apontado como um dos fundadores da facção Os Manos e está preso desde 2020, por suspeita de participação em uma série de crimes. Em setembro de 2022 ele foi condenado a 50 anos de prisão, por lavagem de dinheiro. A sentença é da 2ª Vara Estadual de Processo e Julgamento dos Crimes de Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro de Porto Alegre. Os defensores do réu recorrem contra a sentença.
Jair está preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Respondeu a quatro inquéritos por tráfico de drogas e associação ao tráfico, dois por organização criminosa, um por porte ilegal de arma de fogo, três por homicídio doloso e outro por lavagem de dinheiro.
Era considerado uma sombra, porque raramente se envolve diretamente com produto de crime. Em uma ocasião foi flagrado em situação suspeita. Em setembro de 2011, Jair foi preso, com outros dois homens, em Frederico Westphalen (norte do RS). Eles tripulavam um BMW com placas de Novo Hamburgo quando foram parados pela Polícia Rodoviária Federal. No veículo foram encontrados mais de R$ 400 mil em espécie. O trio não conseguiu comprovar a origem dos bens e acabou enviado a presídio. Eles foram soltos depois mediante habeas corpus.
Em 2014 Jair foi alvo de uma emboscada em Novo Hamburgo. Três homens encapuzados desfecharam mais de 50 tiros de pistola contra o Veloster que ele tripulava, quando Jair chegava para trabalhar numa loja de autopeças de sua propriedade. Ele foi atingido por três disparos (nos braços e nas costas), mas sobreviveu. Outro homem com antecedentes criminais também foi baleado, sem gravidade.
Em 2015 Jair foi preso numa mansão avaliada em R$ 4 milhões em Novo Hamburgo. Ele alega que comprou o imóvel com dinheiro de revendas de automóveis que possui.
A condenação por lavagem se refere a um esquema de disfarce de lucros do tráfico de drogas, que teria resultado em R$ 18,3 milhões em bens adquiridos por parte de Jair e comparsas. A investigação foi feita em conjunto pelo do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público e pela Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro, do Departamento Estadual de Investigações Criminais da Polícia Civil (Deic).