O secretário estadual da Segurança Pública, Sandro Caron, começou a semana com duas boas notícias. A primeira é que os policiais civis voltaram a divulgar suas operações e detalhes de investigações. Puseram fim a dois meses de silêncio, que passava à população a sensação de marasmo policial e retirava do governo sua maior vitrine, os bons números do combate ao crime. Agentes e delegados agiam em pressão por reajuste salarial. Esperam, agora, boa vontade do governo nesse sentido.
A outra novidade agradável para o delegado Caron é que os indicadores de crimes caíram em fevereiro, após um janeiro preocupante. Caíram não só em relação ao mês anterior, mas ao mesmo período do ano passado.
Na comparação com fevereiro de 2023, o Rio Grande do Sul teve queda de 7% nos homicídios, 50% menos assassinatos na Capital (um fenômeno digno de nota), 100% de redução nos latrocínios (nenhum roubo com morte foi registrado no mês passado) e 16% menos roubos de veículos. O número de feminicídios permaneceu estável. Bom ressaltar que o latrocínio é um crime que já provocou muita dor de cabeça, já derrubou secretário e hoje segue em estabilidade.
É preciso comentar esses fatos. Primeiro, sobre as operações policiais. Elas nunca deixaram de ser feitas, só não eram noticiadas com o devido peso. A volta das divulgações valoriza o trabalho dos próprios agentes. Eu mesmo conversei com vários e todos estavam chateados de não poderem mostrar resultados na mídia (e, por tabela, para a população). Lucram eles agora, lucra o governo.
Já a queda nos indicadores se deve, em parte, ao susto do governo, que enfrentou no início do ano um surto de más notícias. Sobretudo nos homicídios. Os assassinatos migraram para o Interior, junto com as facções. Acertos de conta entre criminosos fizeram o número de mortes dar saltos expressivos em janeiro, em cidades como Santa Maria, Caxias do Sul, Passo Fundo e arredores. Mesmo Porto Alegre tinha registrado ligeiro aumento.
Sucessivas reuniões com as polícias Civil e Militar levaram à implementação de forças-tarefas de combate ao crime organizado. Isso resultou em múltiplas prisões, e fevereiro trouxe a volta a patamares menores no ranking de assassinatos, marca registrada das duas gestões do governador Eduardo Leite. O grande desafio é evitar que o Interior repita os padrões que marcaram Porto Alegre em meados da década passada, com seu festival de esquartejamentos, cabeças cortadas e chacinas.