
O indiciamento de um morador de Porto Alegre por atos preparatórios de terrorismo não é um episódio inédito, embora ainda seja incomum. Em média são registradas em torno de 50 ocorrências anuais de apologia a ideologias extremistas no Rio Grande do Sul, a cada ano. Há de tudo um pouco, desde mensagens de propaganda neonazista ou de radicalismo muçulmano até situações mais graves, como a compra de arsenais para, em tese, realização de atentados — este foi o caso que levou à prisão do gaúcho indiciado esta semana.
Na residência do homem de 39 anos radicado em Porto Alegre foi encontrado um arsenal de armas brancas, sobretudo de punhais e machadinhas, além de bandeiras de organizações extremistas muçulmanas, como o Estado Islâmico e a Al Qaeda. O armamento e também mensagens trocadas por ele com recrutadores de jovens dispostos a cometer atentados motivaram o indiciamento dele por atos preparatórios de terrorismo.
Em 2016 outro jovem gaúcho foi preso por ligações com o Estado Islâmico. Natural de Morro Redondo, ele criava galinhas numa granja familiar, mas mantinha por computador contato com redes extremistas espalhadas pelo Oriente Médio. Ele se ofereceu para lutar naquela região e cometer atentados contra objetivos judaicos no Brasil. Em 2017, esse rapaz e outros sete envolvidos na mesma trama foram condenados por apologia ao terrorismo e atos preparatórios de terrorismo, a penas que variavam de cinco a 15 anos de prisão.
A Justiça gaúcha também tem condenado pessoas por divulgação de ideologias extremistas, como apologia ao nazismo. Felizmente ainda são raros os casos em que as palavras se somam a ações, como a aquisição de armas e preparação de crimes de ódio, como aconteceu nos dois casos descritos acima.