Num gesto de agrado às Forças Armadas, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) projetou uma nutrida injeção de verbas para a área de Defesa. O novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê aplicar R$ 52,8 bilhões no aparelhamento do setor militar. O anúncio serve como uma espécie de contraponto à afinidade que a maioria dos fardados manteve com o governo Jair Bolsonaro (PL), por razões ideológicas e também pragmáticas: o ex-presidente empregou milhares de militares da ativa e da reserva em postos chaves da sua gestão.
A situação agora é diferente da época de Bolsonaro, não envolve salários ou pessoal. O PAC está centrado em equipamentos, não em pessoas. Dos R$ 52,8 bilhões previstos, a Marinha fica com o maior quinhão: R$ 20,6 bi. Seguem-se a Aeronáutica (R$ 17,4 bi) e o Exército (R$ 12,4 bi).
Não se trata de algum critério político no beneficiamento, mas de custo. A Marinha, por exemplo, investirá em submarinos, de longe os mais custosos veículos desse pacote para as Forças Armadas. A Aeronáutica ganhará aviões, sempre caros. Já o Exército aplicará a verba em blindados, menos dispendiosos, dentre os equipamentos escolhidos.
A Defesa ficará com o quarto maior investimento do novo PAC, perdendo para os eixos cidades sustentáveis e resilientes (R$ 610 bilhões), transição e segurança energética (R$ 540 bilhões) e transportes (R$ 349 bilhões). Tudo isso, lógico, se o que foi prometido for cumprido. O Programa de Submarinos (Prosub), por exemplo, foi anunciado ainda no segundo governo Lula (2008) e ainda está longe de terminar (dos seus quatro submarinos convencionais, só um está pronto).
Muita gente questiona: para que dinheiro para aviões, submarinos e blindados? É que, apesar das intenções pacifistas, países não sobrevivem sem Forças Armadas. A situação na Ucrânia prova isso. Elas são necessárias e seus equipamentos são caros e adquirídos a longuíssimo prazo, diferente de prédios. Longe da situação ideal, mas são os fatos.
Confira aqui os principais investimentos:
Marinha:
Construção de 11 navios-patrulha
Construção de quatro fragatas
Construção de três submarinos convencionais (propulsão a diesel/elétrica)
Construção de um submarino de propulsão nuclear. Consolidação do estaleiro para construção de submarinos
Aeronáutica:
Aquisição e também fabricação de 34 caças suecos F-39 Gripen (hoje o Brasil tem quatro)
Aquisição de nove cargueiros Embraer KC-390
Desenvolvimento de um avião reabastecedor e outro aeromédico, ambos a jato
Compra de cinco helicópteros de médio porte, com armas modernas, e 27 helicópteros leves, para instrução
Exército:
Modernização de seis helicópteros Pantera
Aquisição de 10 helicópteros de emprego geral e nove Veículos Aéreos Não Tripulados (Vant)
Investimento no Projeto Astros, unidade de mísseis táticos de cruzeiro (longo alcance)
Desenvolvimento e compra de 714 viaturas blindadas
Implantação completa do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), com radares e postos para controle da faixa de fronteira