Um vídeo impressionante viraliza desde o fim de semana. Tropas especiais da Ucrânia percorrem uma trincheira russa e eliminam os militares inimigos, um a um, com lançamento de granadas, rajadas de fuzis e finalização do combate com tiros de pistola. Tudo filmado, nu e cru, tendo como pano de fundo os gemidos dos moribundos. Acredito que seja o grupo especial "Alpha", uma unidade Spetsnaz (forças especiais) ucraniana, ramo do Serviço de Segurança da Ucrânia e um sucessor do Grupo Alpha da extinta União Soviética. Eles já atuaram em 2014 contra forças separatistas pró-russas no Donbass (leste da Ucrânia) e, no início do atual conflito, dizimaram uma milícia chechena que tentava ingressar em Kiev.
A verdade é que a guerra na Ucrânia se tornou uma mistura do melhor e do pior que a tecnologia bélica pode oferecer. O melhor, entenda-se, por uso intensivo de satélites para monitorar avanço de colunas inimigas, drones de observação, ataque e até suicidas (que explodem junto com o inimigo). Artilharia de precisão. Mísseis 'inteligentes' que se guiam pelo calor e coordenadas de GPS.
Já a guerra de trincheiras é uma das piores táticas militares já produzidas - e se repete em território ucraniano, mais de 100 anos depois do final da I Guerra Mundial, quando essa prática hedionda foi utilizada em escala monstruosa. É um moedor de carne humana, temperado com doses cavalares de lama, sangue, gelo e doenças.
Os russos têm usado conscritos (recrutas inexperientes) ou prisioneiros para cavar milhares de quilômetros de trincheiras na linha de frente (sim, você leu direito, milhares), tentando com isso garantir a manutenção de nacos de territórios. Os buracos são entremeados de campos de minas explosivas. É com extrema dificuldade que os ucranianos tentam controlar esses obstáculos. Ingressar ali é ter de combater corpo a corpo, com disparos à queima-roupa.
Na filmagem que circula nas redes, é possível ver que alguns dos russos eliminados sequer possuem coletes à prova de bala. Estão de peito aberto, alvos fáceis contra tropas de elite ucranianas munidas com equipamentos adequados ao combate de infantaria.
Difícil é explicar que, em pleno 2023, tanta gente que fala idioma parecido e tem culturas similares tenha de morrer por um pedaço de terra enlameado. E que as mesas de negociações não tenham conseguido produzir resultados.