Começam a ficar mais claros os indícios de que foi assassinato a morte do jovem Gabriel Marques Cavalheiro, que sumiu durante uma semana em São Gabriel e cujo corpo foi encontrado submerso num açude. Três policiais militares daquela cidade estão presos, com prisão preventiva decretada pela Justiça. A repórter Adriana Irion, de GZH, revelou hoje os motivos que levaram a essas prisões.
Gabriel morava em Guaíba, mas iria servir o Exército em São Gabriel, pela família ser oriunda de lá. Estava há alguns dias na cidade quando morreu. Conforme testemunhas, na noite em que o rapaz desapareceu, os três PMS teriam sido chamados pela dona de uma casa em que Gabriel estaria tentando entrar. A versão apresentada pelos policiais é que o jovem teria pulado uma cerca para entrar na residência e sido confundido com um invasor. Ele teria sido abordado por eles, revistado e liberado.
A primeira mentira é que foi liberado. Análise do GPS da viatura da BM mostra que Gabriel foi conduzido por quilômetros até um local ermo, a localidade de Lava Pé. Interrogados, os PMs admitiram isso, mas disseram que ele estava vivo.
Aí vem uma omissão, a se crer nas testemunhas. Conforme duas pessoas, ao encontrar Gabriel na casa (na cidade), os PMs teriam espancado o garoto, com tapas e cacetadas. O jovem teria desmaiado. Após ser algemado, teria sido conduzido na viatura, não sendo mais visto.
Essas contradições motivaram a ordem de prisão, até porque a morte de Gabriel pode ter ocorrido pelo espancamento, por asfixia ou por afogamento pós-prisão. Só a perícia, ainda não concluída, definirá.
Mas existem mais dúvidas. O que teria motivado a ação violenta dos PMs?
A Brigada Militar investiga uma versão recebida, a de que o jovem teria contraído dívidas e os policiais foram cobrar isso dele. A mesma versão diz que a dona da casa teria chamado os PMs diretamente e não apenas pelo telefone 190, porque já os conhecia. Tudo isso será checado mediante depoimentos e quebra de sigilo telefônico dos policiais.
O que fica disso tudo, à parte as dúvidas sobre motivação, é que os testemunhos indicam que Gabriel sofreu um calvário antes de morrer. Uma barbárie que, se confirmada, não pode ficar impune e não ficará, prometem as autoridades de segurança pública do Estado.