A terça-feira (31) foi de movimentação em duas organizações policiais, a Brigada Militar (BM) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF). No caso gaúcho, foram afastados pela cúpula da instituição quatro PMs investigados pelo espancamento de um torcedor do clube de futebol Brasil de Pelotas. O sujeito tinha se envolvido numa briga com rivais porto-alegrenses do São José e foi golpeado diversas vezes com cassetetes pelos policiais.
Acontece que há relatos de que ele foi espancado – e muito – depois de ser imobilizado, o que já representa um evidente excesso, possivelmente, crime. O torcedor em questão está internado em estado grave, em coma induzido. Até hoje, os PMs continuavam trabalhando. A partir dos depoimentos de outros torcedores e de imagens daquele ferido com gravidade, conforme revelado pela jornalista Adriana Irion em GZH, a Corregedoria da BM recomendou o afastamento dos policiais envolvidos. Outros também são investigados.
Numa outra ponta do país, em Sergipe, começam a surgir providências graduais a respeito de um ato de barbárie. Agentes da PRF, para dominar um homem, o algemaram e colocaram no porta-malas de uma viatura. Tudo foi gravado em vídeo, e o rapaz não parece ter agredido os policiais, ao ponto de justificar ser manietado. Mas o pior estava por vir. Os agentes abriram um tubo de gás lacrimogêneo e inocularam a substância no porta-malas do veículo, trancando a viatura depois. O preso morreu asfixiado.
As cenas não deixam dúvidas e correram o mundo. Num primeiro momento, a cúpula da PRF justificou todos os atos da prisão, dizendo que o rapaz resistira e fora necessário uso de força para contê-lo. Força? Uso de gás para matar alguém mudou de nome?
Depois, diante da repercussão, os agentes envolvidos foram afastados. Nesta terça-feira, quem caiu foram os líderes da PRF: o diretor-executivo e o diretor de inteligência foram dispensados. Oficialmente, o governo federal diz que as trocas já estavam previstas, com pedidos de demissão já feitos pelos próprios afastados em 17 de maio. Ora, podem ter sido obrigados a pedir o boné. Seja qual for o enredo, o fato é que dois casos que parecem envolver violência policial finalmente estão tendo resposta à altura.