Desde o início da pandemia de coronavírus, o Tribunal de Contas da União (TCU) realiza auditorias na distribuição do auxílio emergencial, programa do governo federal para ajudar cidadãos que quebraram financeiramente. A cada nova análise, milhares de irregularidades são descobertas.
A existência de fraudes no auxílio emergencial, aliás, foi objeto de diversas reportagens do Grupo de Investigação da RBS (GDI) em 2020. Pois o problema persiste neste 2021 que chega ao seu final em breve.
Levantamento divulgado nesta semana pelo TCU aponta mais de 350 mil benefícios distribuídos irregularmente neste ano, entre abril e julho. O volume de dinheiro escoado de forma indevida supera os R$ 100 milhões, apenas em 2021.
O governo federal argumenta que, quando comparado ao total de aproximadamente 39 milhões de beneficiários do auxílio, ou uma movimentação de cerca de R$ 35 bilhões em recursos, o índice de erros de inclusão é de 0,31%. Ok, é um consolo.
Mas é preciso lembrar que a meta deve ser zero centavo desviado. Os R$ 100 milhões pagos irregularmente poderiam ser construídas até 50 escolas de pequeno porte. Foram pelo ralo.
Entre os beneficiários irregulares estão – pasmem – 74 mil mortos, 114 mil que já possuem aposentadoria ou pensão (não poderiam receber o benefício emergencial) e quase 10 mil funcionários públicos (aos quais também é vetado o auxílio). Pode?
No Brasil, parece que pode. Mas o TCU salienta que já foi pior. Entre março e julho de 2020 foram identificados 620 mil saques irregulares. Quase o dobro do que foi encontrado agora. Não custa ter esperança na melhoria do padrão ético dos brasileiros.