O assunto da tarde de quinta-feira (28) no campo da segurança pública foi o suposto plano de resgate de presos da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), a mais inexpugnável do Rio Grande do Sul. Coletes balísticos, munição e um croqui foram encontrados dentro de um Kia Cerato na estrada que leva ao complexo prisional daquele município. Os beneficiados seriam dois líderes de quadrilha da Zona Sul do Estado.
Como se sabe disso? Porque o croqui é tão detalhado que dá para desconfiar que se trata de uma armação contra a dupla de bandidos. O papel tem o nome dos dois criminosos a serem resgatados e as iniciais de um deles estão pintadas num dos coletes. Não pensaram que poderia ser apreendido esse material?
O desenho tinha também endereço de uma empresa de helicóptero, que seria usado na fuga... Se é para uma empreitada ilegal, como deixam esse tipo de pista?
O croqui traz desenhada cada etapa do plano de fuga: uso de caminhão com combustível a ser explodido com carga de dinamite; quantos bandidos e que armas usariam em cada passo (mais de 20 criminosos atuariam em vários pontos da Pasc); e um mapa por satélite com a localização da penitenciária e das celas dos apenados a serem resgatados. Só faltava, mesmo, CPF e RG de cada um dos envolvidos no suposto resgate.
Só vejo duas hipóteses. Uma é que o plano de fuga seja feito por alguém com perfil de ex-militar, daqueles bem metódicos, desenhado e cronometrado para que qualquer pessoa de poucas luzes consiga executá-lo. Pode ser. Nunca se deve subestimar a incapacidade das pessoas.
A outra probabilidade, creio que maior, é que uma facção tenha usado a Tática do Quero-Quero. Em bom gauchês: canta num local, para que o predador não descubra os ovos que estão bem longe dali. Traduzindo: o croqui teria sido abandonado junto com o carro para incriminar dois bandidos, adversários de quem armou para eles. Com isso, seriam transferidos para prisões federais em outros Estados e sua influência no Rio Grande do Sul, neutralizada. Façam suas apostas.