Dois episódios da crônica policial dos últimos dias mostram que falar em nome de Deus não é garantia de uma vida retilínea. Primeiro, o mais inusitado: em Passo Fundo, um padre foi preso em flagrante pela Brigada Militar após cometer uma série de assaltos ao comércio. Os roubos foram inclusive registrados por câmeras de vídeo, o que facilitou a identificação.
O religioso, pároco em Tapejara (cidade próxima a Passo Fundo), tripulava uma caminhonete Hiunday pertencente à paróquia. Aos policiais, alegou ter cometido os crimes num “momento de loucura”.
Agora a investigação vai mostrar se foram episódios passageiros ou se ele já tinha assaltado antes. E as motivações para os atos. Há suspeita de que ele possa ter cometido os assaltos por pressão de extorsões sofridas.
Em Porto Alegre, a Polícia Civil investiga um pai de santo suspeito de abuso sexual contra três mulheres que buscavam auxílio espiritual em seu terreiro. Os indícios são de que ele as dopava com um líquido, sob pretexto de que seria um indutor ao ritual religioso.
Esse segundo fato, crime sexual, é mais comum no que se refere a religiosos. Uma comissão de investigação acaba de anunciar, por exemplo, que pelo menos 10 mil casos de abuso sexual foram cometidos por religiosos católicos na França desde 1950. Entre os abusados, coroinhas e escoteiros.
Já assalto cometido por padre? Não lembro, em 35 anos de cobertura criminal. Recordo de vários que foram vítimas de roubos. Mas a vida sempre revela surpresas.