Estudiosos da questão criminal, à direita e à esquerda do espectro político, estão preocupados com um fenômeno que está além das questões ideológicas. O número de homicídios no Brasil voltou a crescer, após dois anos de baixa. Levantamentos oficiais mostraram um aumento de 4% em assassinatos no primeiro semestre de 2020, apesar da pandemia e da menor presença de pessoas nas ruas.
Mas esse crescimento não deve ficar apenas no primeiro semestre. Os números oficiais ainda não saíram, mas o site G1 (ligado às organizações Globo) tem um levantamento próprio, que abrange todos os Estados brasileiros. Ele aponta para aumento de 5% de mortes violentas em 2020. Foram, segundo o estudo, 43.892 crimes deste tipo no ano passado, contra 41.730 em 2019. A estatística inclui, além de homicídios, latrocínios e lesões seguidas de morte.
É bom recordar que é um tremendo revés. Em 2018 o número de mortes violentas caiu 12,8%. Em 2019, baixou 19,1%.
As mortes violentas são puxadas pelos Estados do Nordeste. Já no Rio Grande do Sul, os números absolutos e as taxas vêm diminuindo, ano após ano, desde 2017. Em 2018, a taxa de crimes violentos foi de 21,6 por 100 mil habitantes. Caiu para 16,7 em 2019, e ficou em 16,2 em 2020, conforme o levantamento do G1. Parece ser um reflexo de boas políticas públicas adotadas, como o cercamento eletrônico (monitoramento de carros suspeitos por câmeras de vídeo em avenidas e rodovias) e policiamento mais efetivo em municípios atingidos por mais crimes. As medidas contaram com uma colaboração-extra: alguns grupos criminosos firmaram pactos de não agressão, que resultaram em baixa na mortandade.
Infelizmente o mesmo não tem acontecido no Brasil. Com raras exceções, disputas de facções continuam a proliferar país afora, sem a contrapartida representada pelo investimento em tecnologia e efetivo policial. Com o agravante de crimes passionais. O ensinamento é: invista a longo prazo em tecnologia e qualificação de pessoal para segurança e colherás os frutos.
Nota curiosa: o número de homicídios no RS vem caindo, apesar de os gaúchos ocuparem o segundo lugar em compras de armas. É um assunto polêmico e que rende muita análise.