Nunca se comprou tanta arma no Brasil em tempos modernos. Talvez nunca na história.
Reportagem da colega Letícia Mendes, publicada terça-feira (26) em GZH, mostra que o registro de armamentos no país aumentou 91,1% no ano passado, em comparação com 2019. Que já tinha subido em relação a 2018.
No Rio Grande do Sul, o incremento em registros foi ainda maior: 130,6% entre 2019 e 2020. Está em segundo lugar no ranking nacional, embora seja o sexto Estado em população.
Não espanta. No referendo de 2005, em que a população brasileira recusou a proibição da venda de armas, os gaúchos foram os campeões nacionais a favor da manutenção desse tipo de comércio: 87% disseram não ao veto ao armamento. A média, no país, foi de 63%.
Tem a ver com cultura. O Rio Grande do Sul é um Estado com largas fronteiras, onde posse de armas sempre foi natural. Com a chegada ao poder de um presidente que prega o direito amplo a se armar, a demanda represada por armas disparou, sobretudo entre gaúchos. Para horror dos pacifistas.
Os defensores do direito de se armar, no entanto, têm esgrimido um argumento que até o momento não foi derrubado. Eles ressaltam que, apesar do aumento de vendas de armas, os homicídios têm caído ano após ano no Rio Grande do Sul.
Vinham caindo também no Brasil, até 2020. A suspeita é que os assassinatos tenham voltado a crescer no país, mas as estatísticas do ano passado ainda não foram fechadas. Mesmo que o número de mortes cresça, não será na proporção da venda de armas.
Mas o argumento dos contrários às armas também é poderoso. Eles dizem que os efeitos armamentistas só virão no futuro, quando armas de cidadãos, registradas, começarem a ser roubadas ou usadas em crimes passionais. A ver.