Foram divulgados nesta quarta-feira (5) os números de contaminações por coronavírus no sistema penitenciário brasileiro. Conforme o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 19.683 pessoas foram contaminadas pelo vírus nas prisões brasileiras desde o início da pandemia, em março. Um em cada três dos atingidos pela covid-19 nas cadeias é servidor público: 6.378 funcionários dos presídios ficaram doentes, conforme o levantamento. Os outros 13,3 mil são presidiários.
Chama a atenção o alto número de servidores contaminados: a proporção de um funcionário público para cada três doentes nos presídios brasileiros, quando se sabe que agentes representam menos de 10% do contingente de pessoas que frequenta as prisões. Mais espantosa ainda é a proporção de mortes entre os servidores das cadeias. Foram 68 óbitos por covid-19, enquanto entre presos foram registradas 82 mortes.
O salto em contaminações nos presídios brasileiros aconteceu nos últimos 30 dias. Dos contaminados, 82,3% foram atingidos pelo vírus no mês de julho.
O sistema prisional gaúcho registrou 773 contaminados e três mortes até 3 de agosto, conforme os dados do CNJ. É o quinto em número de presos doentes e em mortes por covid-19 no sistema penitenciário. O campeão nacional nos dois quesitos é São Paulo, que tem também a maior população prisional.
Já em relação a servidores penitenciários contaminados o RS é – de todos os 26 Estados pesquisados - o que menos registrou o problema, com 13 diagnosticados com a doença. Parte desse bom desempenho pode ser devido às intensas precauções determinadas pela Justiça e seguidas pela direção dos presídios.
O CNJ não fez levantamento sobre libertação de presos como precaução contra a covid-19, uma preocupação do Ministério Público. É sabido que centenas de presidiários, ao serem soltos por cautela contra a doença, voltaram a cometer crimes.