No início de fevereiro o governo federal, em decisão conjunta com autoridades de São Paulo, determinou a transferência para presídios de segurança máxima de 22 líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior facção criminosa brasileira. Muita gente, inclusive eu, cogitou que represálias viriam contra policiais, promotores ou juízes. Afinal, foi o que aconteceu em 2006, quando a colocação de Marcos Camacho, o Marcola (líder máximo dessa organização) em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) resultou numa onda de ataques do PCC que se repetiu por três meses e resultou na morte de quase 100 agentes de segurança pública paulistas.
O RDD impede visitas e qualquer forma de comunicação do preso com o mundo externo. Pois é mais ou menos o que acontece agora, com os 22 removidos para penitenciárias federais. Elas costumam ser mais imunes a telefonemas, por exemplo. As revistas são mais rigorosas.
Só que o ministro Sergio Moro e as autoridades paulistas se preveniram. O Departamento Penitenciário Nacional (Depen) tem uma Diretoria de Inteligência Penitenciária que monitora tudo que os presos de facções fazem. Ela abrange os 26 Estados e o Distrito Federal, via encontros estratégicos e antecipação de cenários. Uma das possibilidades antecipadas foi a de reação às transferências dos líderes do PCC. Até por isso, o ministro determinou que a Força Nacional de Segurança Pública (composta por PMs de elite) atue por seis meses no presídio federal de Mossoró, por três meses no de Brasília e por 15 dias em Porto Velho (RO), onde está Marcola. Um recado direto para que a facção não se atreva a reagir.
Agora é esperar que a mesma presteza adotada contra o PCC se repita em relação a outras facções, como as três principais do Rio Grande do Sul.