O governo Michel Temer acaba de nomear mais um militar para cargo-chave. O escolhido como adjunto do ministro Raul Jungmann, da Segurança Pública, é o general da reserva Carlos Alberto Santos Cruz, gaúcho que ocupava cargo similar - secretário nacional de Segurança Pública - no ministério da Justiça. Na prática, será o homem operacional da pasta, o sujeito com o organograma na cabeça.
É o sexto general a assumir posto de destaque na gestão Temer. Pela ordem: Sérgio Etchegoyen (também gaúcho, hoje ministro do Gabinete de Segurança Institucional, responsável, dentre outros, pela Agência Brasileira de Inteligência - Abin), Joaquim Silva e Luna (ministro da Defesa), Walter Braga Netto (interventor da Segurança Pública no Rio), Mauro Sinott (chefe de gabinete da intervenção no Rio), Richard Nunes (novo secretário da Segurança Pública do Rio). E, agora, Santos Cruz.
Não faltam narizes torcidos entre civis para o que apontam como "militarização" do governo. Até para acalmar os ânimos, Temer cogita que a passagem de Santos Luna pela Defesa seja breve. Ele seria substituído ainda neste semestre por um civil, um político. Com isso a pasta retomaria sua tradição: a de não ter militares no comando, desde que foi criada, nos anos 90. A solução acabaria também com a ciumeira das demais Forças Armadas para com o fato de serem comandados por alguém do Exército.
A se julgar pela constelação que brilha sobre os ombros dos ungidos, o presidente escolheu bem. Todos os militares escolhidos estão entre os quadros mais preparados e experimentados das Forças Armadas. A começar pelo gaúcho Santos Cruz, de longe o mais prestigiado militar brasileiro no cenário internacional. Veterano da intervenção no Haiti, ele ganhou proeminência mundial ao ser escolhido pelas Nações Unidas para chefiar a maior Missão de Paz da história da organização: a de estabilização da República Democrática do Congo. O general comandou 22 mil homens de 20 países, entre 2013 e 2015. Já o gaúcho Etchegoyen tem um perfil mais cerebral e organizacional, sendo o militar de mais influência no governo. Para completar, Braga, Sinott e Nunes são operacionais: tiveram experiência de campo no comando de intervenções em áreas dominadas pelo crime, no Rio. É atribuído a Braga o maior dossiê sobre corrupção nas polícias fluminenses de que se tem notícia.
Ao nomear generais para postos de destaque nas áreas militar e de segurança, Temer parece ter decidido tomar a principal bandeira de um dos candidatos rivais à Presidência da República, o capitão reformado do Exército Jair Bolsonaro. Uma chance, para um político questionado, de ganhar popularidade.