A matança ocorrida no Rubem Berta entre sábado e domingo chama a atenção porque ocorreu uma concentração de mortes em um único fim de semana. É lamentável, mas não foge ao padrão habitual do bairro. É o terceiro ano consecutivo que essa região de Porto Alegre concentra o maior número de assassinatos – em média, um em cada 10 homicídios da Capital acontece lá. Rotina em um local que é o mais populoso da cidade.
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No censo do IBGE de 2010, o Rubem Berta já contava com 87 mil habitantes, mas pode ter superado os 100 mil habitantes desde então. Vivem bem? Mais ou menos. Tem vida própria, o sujeito não precisa se deslocar para outras regiões para ter acesso a tudo: bancos, escolas, assistência médica. Mas o bairro enfrenta todos os problemas, maiores e menores, que as grandes concentrações populacionais acarretam: valões insalubres, prédios inacabados (esqueletos) habitados por quadrilhas, intenso tráfico de drogas, filas para atendimento da maioria dos serviços públicos. São 26 vilas e conjuntos habitacionais densamente povoados, com destaque para as vilas Santa Rosa e São Borja, e três residenciais com milhares de moradores: o Parque dos Maias, o Rubem Berta e o Jardim Leopoldina.
O diferencial foi o grande número de homicídios em um fim de semana, mas o problema não é de um bairro em si, é Porto Alegre. A Capital enfrenta há anos uma guerra entre os principais grupos criminosos, que se agrava especialmente nos locais de maior densidade populacional (como o Rubem Berta ou o Bom Jesus, berço da facção delitiva mais belicosa, os Bala na Cara). A cidade registrou no primeiro semestre 407 homicídios, contra 303 no mesmo período em 2015. Isso representa mais da metade de todos os assassinatos da Região Metropolitana, como mostra reportagem do colega Eduardo Torres, do Diário Gaúcho. Mata-se hoje entre os gaúchos mais do que entre paulistas e cariocas. É triste, mas é real.