O secretário Wantuir Jacini é um homem imbuído de boas intenções. Poderia ter desfrutado tranquilamente da aposentadoria como delegado federal, com excelentes vencimentos. Voltou ao seu estado natal, o Rio Grande do Sul, ao topar o desafio de enfrentar a criminalidade. Perdeu. É da vida. E somos testemunhas de que pediu e conseguiu reforço de policiais. Esforço não faltou.
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Por que Jacini caiu? Porque talvez lhe tenham faltado os gestos teatrais de que tanto a população gosta, nesses momentos de crise. Ele não é homem de soco na mesa.
E já passou da hora do soco na mesa. Jacini também veio de um Estado tranquilo em estatísticas criminais, Mato Grosso do Sul. Talvez pensasse que poderia aplicar aqui o modelo que tentou por lá. Não há termos de comparação. Só em Porto Alegre foram 351 homicídios no primeiro semestre, quase 100 acima do ano passado. Em Campo Grande, capital sul-matogrossense foram 33 homicídios até agosto. Ou seja, em seis meses na Capital gaúcha se matou 10 vezes mais que em oito meses na capital de Mato Grosso do Sul.
E os roubos, o maior temor de todos os gaúchos? Foram 17.691 registros em Porto Alegre, contra 1.873 em Campo Grande, no mesmo período. A capital gaúcha tem nove vezes mais assaltos que a sul-matogrossense.
Jacini também relutava em aceitar a presença da Força Nacional de Segurança (nisso, a maioria dos policiais gaúchos concorda com ele). Talvez, por uma questão de orgulho: temia que fosse parecer uma confissão de fracasso.
Acontece que os gaúchos querem a Força Nacional de Segurança. Talvez Jacini tenha aceito a ideia tarde demais.
Os números dão razão ao medo. O Rio Grande do Sul é um dos dois Estados, dentre os 11 maiores do Brasil, onde o número de homicídios cresceu no ano passado. O outro é Pernambuco.
Sim, governador José Ivo Sartori: não se trata apenas de sensação de insegurança. É INSEGURANÇA, mesmo.
Hora de agir com energia. Quanto a Jacini, voltará a criar cavalos crioulos (seu hobby) e, quase certo, retornará a Mato Grosso do Sul, onde tem propriedade.
*Zero Hora