Admiradores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enxergam como consolo o fato dele ter sido denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR) em Brasília. Isso significa, caso ocorra julgamento, um foro especial, com apreciação pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que costuma ser cauteloso. Se ocorrer demora para aceitação do caso e para julgamento, Lula se credencia como possível candidato petista nas próximas eleições presidenciais.
Por que o julgamento de Lula pelo Petrolão (desvio de dinheiro da Petrobras), se acontecer, será em Brasília? Porque a organização criminosa seria formada em maior número por pessoas com foro privilegiado, explica um procurador da República consultado por Zero Hora. É o princípio da conexão, que une réus de instâncias diferentes. Logo, o julgamento corre no STF e não num foro de primeira instância. Isso já aconteceu com o Mensalão.
Mas engana-se quem pensa que Lula não pode mais ser julgado por Sérgio Moro, o magistrado da 13ª Vara Federal de Curitiba, célebre pelas sentenças rápidas e duras na Operação Lava-Jato. Moro recebeu há dias o processo criminal que trata do sítio de Atibaia e do triplex de Guarujá, ambos em São Paulo - e que, segundo o Ministério Público, pertencem a Lula e não foram declarados por ele às autoridades. O juiz paranaense não pode julgar Lula por enquanto, porque o STF ainda não decidiu se Lula tem direito a ser ministro ou não.
Só que, caso a presidente Dilma seja afastada do cargo, Lula não assume como ministro. Nesse caso, o episódio da suposta ocultação de bens (o sítio e o apartamento) será julgado em primeira instância, por Sérgio Moro. Até porque não envolveria quadrilha e nem o Petrolão - teria ocorrido após Lula ocupar a Presidência.