A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Anunciados em setembro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os leilões para compra de arroz nacional já têm data para ocorrer. Serão na próxima semana, na quinta (5) e na sexta-feira (6). Nos seis remates, o governo federal poderá adquirir até 500 mil toneladas desta safra, que está na reta final de plantio no país.
A medida busca incentivar a produção do cereal em outras regiões brasileiras, além do Rio Grande do Sul, justificou a Conab. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia sinalizado essa vontade durante a polêmica envolvendo a importação do cereal em meio à enchente no Estado. O objetivo seria reduzir a elevada dependência da produção gaúcha, que hoje representa 70% da nacional. Na época, o presidente da Conab, Edegar Pretto, havia dito que a medida com relação ao assunto estava sendo construída.
Presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, no entanto, vê a medida com preocupação. Na avaliação do dirigente, pode surtir um "efeito contrário ao desejado" pelo Planalto.
— O valor de referência a ser pago pelo governo em agosto do ano que vem no Estado é de R$ 87 a saca (de 60 quilos). Só que está abaixo do custo de produção, que hoje gira em torno de R$ 90 a R$ 100. Isso pode trazer, novamente, um desinteresse e uma falta de rentabilidade na produção de arroz — justifica Velho.
O presidente da Federarroz se refere ao período em que a área plantada com o cereal no Estado diminuiu gradativamente. Com relação ao custo mais alto, Velho cita a necessidade de reconstrução de infraestruturas no campo, como canais de dragagem e de irrigação, levados pela enchente como fatores para isso.
Além disso, com relação à diminuição da dependência do cereal gaúcho, Velho diz que essa posição do Estado no Brasil não vai mudar:
— O Rio Grande do Sul tem vocação para plantação de arroz, tem lavoura tecnificada, tem clima. Podemos diminuir um pouco a participação, mas nunca vamos deixar de ser protagonistas na produção.
A retomada dos leilões — agora, de compra interna, não externa — foi anunciada após a publicação da Medida Provisória nº 1.260 em setembro, que autoriza a abertura de crédito extraordinário no valor de R$ 1,6 bilhão. Deste montante, R$ 1 bilhão foram destinados à Conab, que direcionou o valor para a formação de estoques públicos do cereal.
A aquisição será feita por meio do Contrato de Opção de Venda, uma modalidade de seguro de preços que dá ao produtor rural ou à sua cooperativa o direito (não a obrigação) de vender seu produto para o governo, em uma data futura, a um preço previamente fixado. Desta forma, a Conab garantiria preço ao produtor, mesmo com uma maior oferta do cereal no mercado interno.
Os prazos dos contratos
- Para Minas Gerais e Paraná os contratos terão vencimento em 30 de julho de 2025
- Já para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o vencimento será em 30 de agosto do ano que vem
- Para Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Tocantins, os contratos vencem em 30 de outubro de 2025