A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Depois do embate entre o setor produtivo e o governo federal, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou, nesta segunda-feira (30), a possibilidade de retorno dos leilões de arroz. No entanto, serão compras diferentes das anteriores, voltadas à importação do cereal e que acabaram não se concretizando. A aquisição do cereal agora, conforme a estatal antecipou à coluna, será feita do mercado interno, via contratos de opção de venda, para fomentar a produção nacional do grão.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia sinalizado a vontade de incentivar a produção em outras áreas do país, durante a polêmica envolvendo a importação do cereal. O objetivo seria reduzir a elevada dependência do Rio Grande do Sul. Na época, o presidente da Conab, Edegar Pretto, também havia dito que a medida com relação ao assunto estava sendo construída.
A retomada dos leilões foi anunciada após a publicação da Medida Provisória nº 1.260 nesta segunda, que autoriza a abertura de crédito extraordinário no valor de R$ 1,6 bilhão para os ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário, de Portos e Aeroportos e para operações oficiais de crédito. Deste montante, R$ 998 milhões foram destinados à Conab, que direcionará o valor para a formação de estoques públicos do cereal. Com o valor, será possível adquirir até 500 mil toneladas do cereal.
Nos próximos dias, a companhia anunciou que serão definidos os critérios a serem adotados nas operações como preços e quantitativos a serem ofertados nos leilões.
De acordo com a Conab, o contrato de opção de venda é uma espécie de contrato de venda futura, para garantir a compra do produto ao fim da safra. Mas, se na colheita o produtor conseguir vender por um preço melhor, não precisa cumprir o contrato com o governo.
Relembre o embate em torno da importação de arroz
- No início do ano, o governo federal anunciou a organização de um leilão devido à preocupação com relação ao abastecimento do mercado interno. O Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 70% da produção nacional de arroz e, com a enchente, teve parte da produção afetada
- O setor produtivo, por sua vez, garantiu desde o início haver cereal suficiente, afirmando que a medida não era necessária. De acordo com o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de arroz no Estado fechou em 7,08 milhões de toneladas, volume é 2,1% maior do que o colhido na safra passada
- Depois de judicializações, o governo federal e o setor produtivo chegaram a um acordo. Assinaram um termo de responsabilidade comum, que previa que ambas as partes se comprometessem a evitar a alta de preços e qualquer chance de desabastecimento do cereal