A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Mesmo diante da previsão de dias mais secos, as marcas da chuva em excesso ainda aparecerão na próxima safra de verão no Estado. Será na semente, que está com oferta reduzida, conforme relatos de produtores de arroz e soja, que iniciam o plantio neste momento.
Na soja, o problema se concentra na Metade Sul, explica Ireneu Orth, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS):
— Nessa região, o plantio ocorre mais tarde, e os produtores não conseguiram fazer toda a quantidade de semente necessária, porque a chuva forte veio quando ainda tinha muita coisa por colher.
Orth calcula uma perda entre 2,5 milhões e 2,8 milhões de toneladas na produção de soja do Estado. E projeta um custo de produção maior, porque será necessário buscar a semente em outras regiões, mais distantes.
— Os produtores terão de ir até a Metade Norte comprar semente. Lá, a colheita estava em 95% da área quando veio a chuva.
No arroz, o que pode estar ocorrendo é uma corrida maior às compras em razão da demanda crescente por semente, afirma Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz):
— Em função do aumento de área projetado. A demanda maior, inclusive, não é só no Estado, é também no resto do país. Muitos sementeiros do Rio Grande do Sul vendem para o resto do Brasil.
No entanto, o diretor-executivo da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apasul), Jean Carlos Cirino, afirma que a falta é pontual:
— A produção de semente de soja teve, sim, uma quebra em função da chuva, porém, no âmbito geral, tem semente, sim.
Cirino também cita a possibilidade de haver falta de alguma cultivar específica. Ainda assim, continua, o "setor sempre destina uma área da sua produção para uma reserva técnica" voltada a situações como essa.