As jornalistas Bruna Oliveira e Carolina Pastl colaboram com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Em meio à Amazônia, a quantidade de palmeiras de açaí combinadas com cacaueiros chama a atenção na região de Tomé-Açu, no interior do Pará. Conhecido como um sistema agroflorestal integrado, o plantio de dois cultivos diferentes em uma mesma área foi a alternativa encontrada por produtores da Cooperativa Mista de Tomé-Açu (Camta) para recuperar degradadas por pastagens.
Como numa grande floresta, o sistema combina mudas de açaí e de cacau em um mesmo hectare, preservando espécies nativas amazônicas e aumentando o sequestro de carbono. A diferença de altura entre as plantas facilita a convivência, permitindo que ambas tenham a exata quantidade de sol que cada uma necessita.
Orleans Mesquita, coordenador da Camta, diz que o método foi herdado de imigrantes japoneses instalados na região. Além do cuidado ambiental que promove, a mistura das safras mitiga riscos financeiros aos produtores, já que garante colheitas em períodos diferentes. Também evita que as áreas sejam exclusivamente dedicadas à monocultura, variando as propriedades do solo e otimizando a produção.
— Você também tem muito menos perda de produção do que onde há monocultivo. Tolera mais a seca. Porque, automaticamente, se forma um microclima ali dentro, tem várias plantas, camada de folha cobrindo o solo — acrescenta Mesquita.
Com a prática, a Camta consegue não só promover o reflorestamento como também diversificar a produção. Além de açaí e cacau, a cooperativa também comercializa sorvete de frutas e óleo de maracujá, manteiga de cupuaçu e óleo de andiroba para empresas de cosméticos.
*A coluna viajou a convite da Fundação Dom Cabral, durante o Programa Agronegócio Em Perspectiva