A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A temporada de inverno pode até não ser do gosto de todos, mas para a agricultura tem um papel fundamental no desenvolvimento das plantas. Os dias gélidos são importantes para a doçura das frutas e também para eliminar microrganismos que podem danificar as plantações e reduzir o potencial das safras.
O frio e a geada, "dentro do seu tempo", são extremamente benéficos para as culturas, explica o produtor e ecologista Volmir Forlin, da Orgânicos Pérola da Terra, de Antônio Prado. Todos os sábados, Forlin expõe seus produtos na Feira Orgânica do Bom Fim, na Redenção, em Porto Alegre.
— A geada traz benefícios extremamente importantes para a nossa agricultura de clima temperado. Aqui na Serra, principalmente para as culturas da uva, maçã, pêssego, ameixa, framboesa, amora e até mesmo do morango, que necessitam do frio para entrarem em processo de hibernação — diz o produtor.
No caso dos insetos, o frio é necessário para romper o ciclo de multiplicação de pragas, como é o caso da mosca da fruta, que pode ser prejudicial para culturas diversas.
O perigo do inverno para os cultivos não está nas suas características em si, mas sim no que vem antes dele. A ausência das estações intermediárias, com outonos e primaveras cada vez menos marcados, faz com que as variedades pulem etapas preparatórias antes de enfrentarem o calor ou o frio extremos, não havendo um ritual térmico de adaptação, conforme Vilson Sfetanoski, da Feira dos Agricultores Ecologistas (FAE).
— O frio e a geadas são normais, o problema é o que veio antes. No mês anterior, quase não tivemos sol e aí temos uma planta toda deficiente. Com uma geada dessas, o dano é muito maior. Porque ela não está forte, não está preparada. É como se nós tivéssemos que enfrentar o frio sem casaco — diz Sfetanoski, sobre a condição das culturas após a enchente.