A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Depois das imagens de pomares devastados pela água, é pelo paladar agora que a cidade também pode ter a dimensão do prejuízo na safra de citros gaúcha. Seja pela chuva contínua, seja pela enchente, a bergamota que chega aos supermercados no Estado está menos doce.
De acordo com o presidente da Câmara Regional de Citricultura, Ivan Streit, a falta de luminosidade e o excesso hídrico foram fatores cruciais para definir a quantidade de açúcares dessas primeiras frutas.
— O encharcamento do solo fez com que o sistema radicular das plantas ficasse sem oxigênio — acrescenta o citricultor.
O abortamento de flores e rachaduras nas cascas são outros problemas percebidos com o excesso de umidade nos pomares.
É o que visualiza o produtor Darnei Pertile, de Salvador do Sul, na sua propriedade. Entre três e quatro hectares, tudo foi perdido, relata:
— Onde entrou o rio foi perda total. E a fruta que está na ponta e a água não atingiu vai cair também porque pegou fungo, não tem como jogar no mercado. Está comprometida.
No relatório da Emater, a perda chega a 62 mil toneladas da fruta, em quase 6,7 mil hectares. Para se ter uma ideia da dimensão, o Rio Grande do Sul possui 9,5 mil hectares com bergamoteiras.
— Mas logo devemos atualizar esse número. Projetamos que haverá ainda mais (perdas) — adianta Luis Bohn, gerente técnico estadual adjunto da Emater, referindo-se aos eventos climáticos dos últimos dias.
Enquanto os números do setor não são consolidados, a esperança dos produtores fica na variedade montenegrina, que é colhida mais tarde. E que, na avaliação do assessor da Câmara Setorial da Citricultura, Paulo Lipp, pode ganhar mais doçura:
— Tem previsão de frio, e isso pode trazer mais açúcar e sabor à fruta. E a montenegrina é o carro-chefe das bergamotas, tem boa comercialização.