A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Uma parceria entre produtores de ovinos de todo o país e a indústria têxtil colocou a lã de ovelha gaúcha na vitrine da solidariedade do Estado. Até o momento, foram doados 500 cobertores confeccionados com a fibra para aquecer vítimas da enchente nos municípios de Pelotas e da Região Metropolitana de Porto Alegre. A meta é chegar a mil doações.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), Edemundo Gressler, a iniciativa vai além de um gesto de solidariedade. "É o que isso representa", diz:
— São cobertores 100% de lã, de multi-raças. Em cada um, está a representação de um criador do país. Nesses cobertores, tinham doações (financeiras) de criadores do Ceará, de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte. De todo o canto desse Brasil.
Coordenada pela Arco e pela Comissão de Ovinos da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), a campanha está buscando ajudar os afetados da tragédia climática e, ao mesmo tempo, dar vazão à produção de lã gaúcha. De acordo com Elisabeth Lemos, coordenadora da Comissão de Ovinos da Farsul, é um problema de anos do setor:
— O mercado da lã mundial vem sofrendo uma crise bastante grande. O grande comprador de lã de qualquer tipo era a China, que parou de comprar. E o Rio Grande do Sul tem sido afetado.
Para a doação de cobertores, foi aberta a chave pix aqueceriogrande@arcoovinos.com.br. Assim que o dinheiro vai sendo arrecadado, as entidades compram cobertores feitos com lã de ovelha gaúcha da fábrica de tecidos Cootegal, de Caxias do Sul, que também foi afetada pela cheia. Com o bilhete "Das ovelhas para aquecer você", o item chega nas mãos de quem precisa.
— É uma maneira de ajudar produtor, indústria e aos mais necessitados neste momento — reforça Elizabeth.
Segundo a Comissão de Ovinos da Farsul, apenas 20% a 30% da lã de ovelha absorvida pela indústria têxtil brasileira vem do Rio Grande do Sul.