A taxa de juro é o principal fator de influência na tomada de decisão sobre o momento da compra de máquinas e implementos. É o que aponta uma pesquisa inédita que acaba de ser apresentada pela Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Realizado por SAE Brasil e KPMG, o estudo Tecnologia no Agronegócio, Oportunidades, Desafios e Perspectivas ouviu pessoas que vão da academia ao setor de serviços em todo o país.
À pergunta sobre que fatores podem antecipar ou postergar a renovação de máquinas e implementos, 25% responderam “juros de financiamento”. A disponibilidade de crédito ficou na segunda posição, com 19%. Em terceiro, a perspectiva de preços de commodities (16%).
Daniel Zacher, coordenador da mentoria Agro da SAE Brasil, observou que esse dado tem relação com outro apontamento da pesquisa. Entre os recursos utilizadas para a aquisição de equipamentos, os financiamentos de fontes públicas ainda são uma importante fatia: 26%. Logo atrás dos que usam recursos próprios, 27% dos respondentes.
Também no campo das estratégias/decisão de compras, lojas físicas ainda representam a maior preferência: 67%. Com 19% aparecem as feiras. O canal online, embora tenha ganhado espaço (sobretudo no período de pandemia), representa percentual de 10%.
Na avaliação de Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos do RS (Simers), o espaço das feiras costuma trazer promoções e condições especiais de compras. O que dá um maior poder de barganha para o consumidor. Até porque, o concorrente está “do outro lado da rua”.
Para a Expodireto Cotrijal, que começa na próxima segunda-feira (4), a expectativa é de que se possa pelo menos repetir o resultado da feira passada, quando as propostas encaminhadas somaram R$ 7 bilhões.
— Neste ano, tem um fator “novo” que é a perspectiva de uma boa safra no Estado. Nos últimos dois, havia estiagem — observa Bier.
O dirigente concorda que o juro tem sido uma das maiores preocupações do produtor na hora de fazer o investimento. Os financiamentos são de longo prazo, o que faz da taxa um ingrediente crucial no tamanho da dívida a ser contraída. Com os cortes na taxa básica de juro, a Selic, o entendimento é de que é necessário também reduzir o percentual no crédito rural.
O setor de máquinas entrou 2024 na mesma batida do ano passado: com o produtor pisando no freio. Além do juro, o ano traz entre os desafios do segmento a quebra de safra no Centro-Oeste, que promete ter um peso importante nos negócios.