O jornalista Danton Boatini Júnior colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
As exportações do agronegócio gaúcho registraram crescimento de 0,1% em 2023, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira (21) pelo Departamento de Economia e Estatística da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG). Os embarques somaram US$ 16,2 bilhões durante o ano passado, pouco acima dos US$ R$ 16 bilhões registrados em 2022.
O percentual pode parecer modesto. Mas, segundo o economista Sérgio Leusin Júnior, pesquisador do DEE/SPGG, os números devem ser analisados dentro de um contexto: pelo terceiro ano consecutivo, o agronegócio gaúcho registra o maior valor da série histórica, recorde que tem sido quebrado desde 2021, ano em que o Estado colheu a última safra “cheia”. Além disso, houve o desafio climático: o ciclo 2022/2023 da soja, principal cultura do agronegócio do RS, foi impactado pela estiagem.
— Se olharmos na perspectiva destes últimos três anos, o resultado de 2023 é bastante significativo — resume Leusin.
O complexo soja e o fumo foram os dois segmentos que mais impulsionaram a alta de 0,1%. No caso da oleaginosa, os embarques somaram US$ 6,3 bilhões, o que representa alta de 13,8%, com destaque para a soja em grão.
Já a comercialização do fumo foi influenciada pela alta de 27,5% nos preços médios do fumo não manufaturado. As exportações do setor alcançaram US$ 2,5 bilhões no ano passado, maior valor nominal da série histórica.
A frustração ficou por conta do trigo, com queda de 30,9% nas exportações. Segundo Leusin, a qualidade dos grãos foi impactada pelo excesso de chuvas, o que fez com que um percentual reduzido alcançasse o padrão de qualidade necessário para a produção de farinhas. No setor de carnes, mesmo com queda de 7,1%, o desempenho é considerado bom levando em conta que a demanda chinesa está em queda.
A China, aliás, foi responsável por 31,2% do total das vendas do agronegócio gaúcho em 2023, o que representa uma alta de 9%. O destaque foi a aquisição de soja em grão, que cresceu 85,5%.
O DEE/SPGG também calculou números relacionados à geração de emprego no agronegócio. O RS encerrou 2023 com 369,4 mil vínculos com carteira assinada no setor, um acréscimo de 4,4 mil postos na comparação com 2022. O setor de abate e fabricação de produtos de carne segue como o maior empregador, com 66,4 mil vagas.