Um novo obstáculo tem se colocado no caminho do avanço da irrigação no Rio Grande do Sul. Peças que compõem o sistema usado nas lavouras para ampliar a produtividade e reduzir dano em anos de tempo seco estão sendo alvo de ladrões. Na Delegacia Especializada em Repressão a Crimes Rurais e Abigeato (Decrab) de Cruz Alta, no acumulado do ano são 75 ocorrências, ante 73 registradas em igual período do ano passado.
O que costuma ser levado são fios e também material de cobre existente no transformador usado para o equipamento do tipo pivô central funcionar. São partes "pequenas", mas sem as quais a operação fica inviabilizada, trazendo um duplo prejuízo ao produtor. As ações costumam acontecer à noite.
— No último furto na nossa propriedade, tivemos um prejuízo em torno de R$ 100 mil. Fora as perdas durante o tempo para reposição de cabos, sem irrigação, prejudicando gravemente a cultura do milho, que necessita de muita água neste período de enchimento de grão — lamenta Roberto Durigon Lemes, da Agropecuária São João, de Cruz Alta.
Outro produtor, que prefere não se identificar, contabiliza oito furtos em dois meses. Com essa frequência e como no momento tem chovido bastante, por ora, esses componentes não serão repostos.
— Normalmente, é a parte elétrica, a fiação, o transformador, que derrubam para tirar o cobre de dentro. Conheço pessoas que estão desistindo de instalar por medo de serem de roubadas — relata o produtor Daniel Jobim Badaraco, segundo vice-presidente do Sindicato Rural de Cruz Alta.
Os agricultores afirmam que tanto a Brigada Militar quanto a Polícia Civil têm atuado no combate ao problema, mas citam a dificuldade de manter eventuais prisões realizadas, em razão do furto ser considerado um delito de menor gravidade. Titular da Decrab de Cruz Alta, Murilo Gambini Juchem reforça que os casos estão sendo apurados.
— Dá uma onda e depois dá uma acalmada — reforça Badaraco sobre a incidência.
O custo da instalação de pivôs de irrigação varia, mas o dirigente estima que, em média, fica na faixa de R$ 20 mil a R$ 25 mil por hectare.
O Sindicato das Indústrias de Maquias e Implementos Agrícolas (Simers) diz que também tem recebido relatos de furto desses componentes do sistema de irrigação.