A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O desafio de se superar, mais uma vez, mostrou-se possível ao agronegócio gaúcho. A Expointer 2023, encerrada neste domingo (3), em Esteio, fechou a edição com um novo recorde de negócios. A comercialização total da maior feira agropecuária da América Latina somou R$ 7,9 bilhões, 11% a mais que a edição do ano passado, que já havia sido considerada a “Expointer dos recordes”.
A edição também teve nova marca alcançada de público. Mais de 818 mil visitantes passaram pelo parque Assis Brasil na última semana, uma alta de 5,9% sobre 2022 — mesmo com a chuva desencorajando o passeio no último dia de feira, que costuma ser de grande movimento.
Carro-chefe entre os negócios, as vendas de máquinas agrícolas e implementos mais uma vez lideraram e puxaram o faturamento histórico. Foram R$ 7,3 bilhões em propostas encaminhadas, 15% acima do valor do ano passado.
Presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no RS (Simers), Cláudio Bier destacou o feito “apesar do cenário”:
— Os produtores passando por dificuldades mesmo assim vieram às compras e chegamos a esses números maravilhosos.
O dirigente voltou a mencionar a retomada do programa Mais Alimentos, relançado com o Plano Safra, que deve dar um novo gás às vendas do segmento no país. Segundo o secretário do Desenvolvimento Rural no RS, Ronaldo Santini, cerca de 30% das comercializações em máquinas na feira se deram no âmbito do Pronaf.
A agricultura familiar, aliás, novamente ganhou protagonismo na Expointer. Além de reunir o maior número de expositores da história, as vendas do tradicional pavilhão, que celebrou 25 anos nesta feira, alcançaram R$ 8,6 milhões. Uma nova marca para as agroindústrias gaúchas, que este ano também foram contempladas pela primeira vez no desfile dos campeões da Expointer.
Em meio ao sucesso dos números, Eugênio Zanetti, vice-presidente da Fetag-RS, disse que a visita do ministro da Agricultura Carlos Fávaro à feira “deixou a desejar”. A entidade esperava “anúncios mais contundes” do governo federal, especialmente para os produtores de leite, que enfrentam um agravamento da crise do setor diante da entrada massiva de produtos importados vindos do Mercosul. O tema foi um dos panos de fundo da Expointer e deu o tom de uma série de protestos dos produtores ao longo da feira.
— Ficamos frustrados. A previsão até o fim do ano é catastrófica para os produtores — alertou Zanetti.
As dificuldades na pecuária, pelo cenário de preços e pela crise no setor de leite, refletiram-se nos números do setor. A comercialização de animais caiu nesta edição e somou R$ 11,7 milhões.
— É uma queda de 6%, mas nada assustador. Não chegamos no fundo do poço e acreditamos que podemos melhorar — amenizou o presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), João Wolf.
A marca que fica é de uma grande feira, destacou o secretário da Agricultura, Giovani Feltes. Mais do que números em si, a marca histórica, segundo o secretário, mostra a resiliência do produtor gaúcho e consagra a importância da Expointer.
A feira se despede já com nova data para ocorrer: em 2024, será de 24 de agosto a 1º de setembro.
A Expointer em números
2023
- Animais: R$ 11.719.520,00
- Artesanato: R$ 1.444.663,43
- Agroindústria Familiar: R$ 8.673.429,12
- Comércio: R$ 55.002.565,44
- Máquinas e Implementos agrícolas: R$ 7.351.431.000,00
- Automobilístico: R$ 471.700.000,00
- Insumos: R$ 86.755.237,00
Total: R$ 7.986.726.414,99
2022
- Animais: R$ 12.513.824,00
- Artesanato: R$ 1.520.000,00
- Agroindústria Familiar: R$ 8.106.105,43
- Comércio: R$ 34.193.720,78
- Máquinas e Implementos agrícolas: R$ 6.598.853.022,00
- Automobilístico: R$ 490.961.814,00
Total: R$ 7.146.148.486,21