A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
No próximo dia 1º, o município de Campo Bom, no Vale dos Sinos, ficará mais rosa, branco, roxo e amarelo. É quando está marcado o Mutirão das Orquídeas, iniciativa da Fundação Cultural de Campo Bom, uma organização sem fins lucrativos, que mobilizará quase 300 pessoas, entre representantes da prefeitura, empresas, instituições e cidadãos, para “plantar” seis mil mudas da flor ao redor da ciclovia da cidade.
A escolha da planta não é à toa, explica a advogada Anália Goreti da Silva, integrante do grupo de sócio-fundadores da Fundação Cultural de Campo Bom. Há uma lei municipal que considera a orquídea flor símbolo da cidade.
— Por isso mesmo, nosso objetivo é fazer com que, quem for visitar Campo Bom, veja, de fato, muitas orquídeas — explica Goreti, como é mais conhecida na cidade.
E, de certa forma, a ação já virou tradição. É a terceira vez que ocorre — a primeira foi em 2018 e a outra, em 2019. O trabalho é todo feito em equipe, e a organização é voluntária. As mudas são doadas pela comunidade e armazenadas no pátio do consultório de um dentista da cidade, cuja esposa é ligada à Fundação. É lá também onde a distribuição acontece. No “plantio” (entre aspas porque, na verdade, a planta é amarrada em árvores), há uma divisão de grupos que ficam “responsáveis” por determinadas ruas para realizar a amarração. Até o cordão (para suspender as raízes em volta do tronco) foi doada por uma empresa.
A relação da orquídea com Campo Bom
A criação da lei municipal em 2018 que oficializou a flor como um símbolo do município ocorreu mais por uma questão identitária do que comercial. Em Campo Bom, só o proprietário do Solar das Orquídeas, Francisco Ferreira, comercializa mudas. No ano, são 50 mil plantas vendidas, principalmente para o Sudeste, mas também para outros países, como o Japão.
— A proposta de flor símbolo da cidade surgiu de histórias. Em 1950, um orquidófilo encontrou uma espécie. Também foi um município que, depois, concentrou muitos colecionadores de orquídeas. Se criou uma ideia de que orquídeas de boa qualidade saíam de Campo Bom — conta Ferreira, que, aliás, também era um colecionador.
Depois de uma crise econômica, Ferreira, que há 24 anos era gerente de uma empresa de curtume — Campo Bom era referência em produção de sapatos —, resolveu trabalhar no que antes era o seu hobby, as orquídeas. No mutirão, ele normalmente dá oficinas de como fazer a amarração em troncos.
A ação inicialmente estava prevista para este sábado, mas teve de ser remarcada em razão do ciclone extratropical que atingiu a região desde quinta-feira.