Na balança dos ingredientes que formam o preço da soja em reais, um fator tem pesado mais neste momento, fazendo os valores da saca recuarem. O prêmio de exportação do grão (ágio ou deságio conforme oferta, demanda e logística) vem caindo. Segundo Luiz Fernando Gutierrez Roque, analista da Safras & Mercado, de 31 de janeiro a 25 de abril, o recuo é de 427%, no mercado spot (entrega imediata) no porto de Rio Grande:
— O prêmio é o grande fator de pressão, que reflete a entrada da safra recorde no país. Embora se tenha uma perspectiva recorde de exportação e esmagamento, a oferta é muito grande, e isso está pressionando o mercado.
Diferentemente do Estado, em que a estiagem frustrou as expectativas de colheita, o Brasil somará novo volume histórico de produção. Segundo o dado mais recente do IBGE, devem ser 147,2 milhões de toneladas, alta de 23,2% sobre o ano anterior.
Soma-se a isso o ritmo da comercialização da safra. Com a colheita avançando, e a negociação atrasada, o produtor acaba se vendo obrigado a ir para o mercado, concentrando a oferta. Com disponibilidade de produto, a tendência é de queda nos valores.
Os outros dois itens que entram na composição do preço da soja em reais — cotação na Bolsa de Chicago e variação cambial — não têm tido grandes mudanças de patamar. Roque lembra que as atenções passam a se focar na safra americana, com o plantio já iniciado. Mas o peso do clima sobre a produção dos Estados Unidos começa a aparecer a partir de maio.