Em meio à Expodireto Cotrijal, a notícia de que a cooperativa tem interesse no uso de tecnologia que, literalmente, faz chover chamou a atenção dos leitores da coluna. Não é para menos, considerando a recorrência de estiagens no Rio Grande do Sul, como a de agora, com grandes impactos à produção. Teve quem lembrou de tentativas anteriores e ferramentas existentes nos Estados Unidos com essa finalidade.
A proposta sob análise, no entanto, é diferente.
A começar pelo fato de ser uma inovação criada no Brasil — patenteada pelo engenheiro inventor Takeshi Imai. Outra particularidade é a forma como a chuva é “provocada”. Das tecnologias existentes no mundo, há as que usam um componente químico (o iodeto de prata) para causar a precipitação, explica Ricardo Imai, filho de Takeshi, e diretor de operações da ModClima. A empresa com sede em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, soma mais de 17 anos de pesquisa.
— Nosso processo é todo físico. Toda a estrutura da chuva é natural, o que fazemos é acelerar a dinâmica — explica Ricardo.
Para isso, é feito todo um trabalho de monitoramento meteorológico — é preciso que haja nuvens do tipo cumulus para que a indução da chuva seja feita. Quando elas estão no céu, um avião com um equipamento que vai lançar gotículas vai pro ar.
— O avião tem bicos debaixo da asa. Cada gotícula que lançamos é como se fosse uma semente, para o processo de colisão e coalescência. Você imita o processo natural de crescimento da chuva — completa Ricardo.
A média estatística, aponta o diretor de operações, é de 70% — para cada 10 voos, caem sete chuvas. Depois que a chuva cai, é feita a quantificação de volumes.
Outro dado mapeado pela empresa indica 26% a mais e chuva na “área alvo”. O uso da invenção surgiu a partir de uma demanda Sabesp, empresa de saneamento básico de SP. Limpa, a tecnologia tem usos também em projetos agro e ambientais.