A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Que o agronegócio é uma potência dentro e fora do campo já não é mais novidade, mas que outras oportunidades sociais e econômicas, para além da produção de alimentos, o setor tem a agregar ao desenvolvimento brasileiro e mundial? A provocação foi levantada pelo economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, ao comentar sobre os caminhos e perspectivas do segmento para além das associações costumeiras. Para o economista, o desafio passa por enxergar o setor além das dimensões da fazenda, reconhecendo a sua importância como parte de uma engrenagem econômica. Ponto de partida para isso, explica da Luz, é entender que a agricultura está conectada, inevitavelmente, à indústria e à prestação de serviços.
— Houve uma transformação da agricultura extrativa para a produtora, de modo que não se pode mais enxergar as coisas do mesmo jeito. A agricultura não teria chance de obter os resultados que têm hoje se não fosse a conexão com a indústria e os serviços, e isso é o agronegócio. Sem serviços e sem indústria, não existe agricultura — atesta o economista.
Prova disso é que, apesar de responder por apenas 8,1% do PIB brasileiro, a agricultura é o que move o desenvolvimento de outros importantes setores. Em olhar especial ao Rio Grande do Sul, por exemplo, onde o complexo do agro representou quase 45% do PIB gaúcho em 2021, o peso do campo demarca presença sobretudo na força industrial.
Dentre as 10 maiores potências fabris no Estado, as primeiras do topo são ligadas ao agro. Indústria de abates, fabricação de óleos, produtos químicos, máquinas agrícolas e laticínios são apenas alguns dos exemplos da participação do ramo no Valor Bruto da Produção (VBP) da indústria total do Estado.
Mas é preciso pensar além. O cenário local é apenas a ponta do protagonismo que o Brasil tem potencial de conquistar no jogo internacional, segundo o economista. Novamente, o momento é de oportunidade. E o desafio de ver o agro como um setor forte e em expansão é tarefa dentro e fora da porteira.
— O Brasil é o maior exportador líquido de alimentos no mundo. O Brasil tem um papel maior do que ele pensa e o mundo está cada vez mais dependente do Brasil — pontua da Luz, atentando para a necessidade de o país saber comunicar a sua relevância mundial.