Ex-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito foi um dos poucos nomes do agronegócio a abrir o voto em Lula no segundo turno das eleições. De forma majoritária, o setor indicava e manifestava publicamente sua preferência pelo atual presidente Jair Bolsonaro.
Com mais de 30 anos de atuação no segmento, o engenheiro de alimentos, pós-graduado na área de comércio internacional, conversou com a coluna sobre o motivo que o levou à manifestação pública de apoio e também sobre eventual participação no governo que agora se forma. Veja tópicos da conversa:
Voto em Lula
Em vídeo divulgado em suas redes sociais, Marcello Brito declarou que votaria em Lula no segundo turno. A escolha foi, antes de mais nada, um alinhamento com o endosso da senadora Simone Tebet, sua opção no primeiro turno:
— Uma das áreas que mais procurei desenvolver nos 30 anos de atuação no setor foi a de relações internacionais. Minha opção por apoiar o Lula e seguir a Simone foi justamente por enxergar que o Brasil tinha perdido sua inserção no mundo. Perdemos a prevalência de estar se não na cabeceira da mesa, perto dela.
Brito entende que a “enxurrada” de parabenizações recebidas por Lula de líderes globais pela eleição é em razão do fato de que “o pessoal sabe o potencial que ele tem” e por conta da “visão pró-amazônica”.
No governo?
Brito, que hoje é CEO da CBKK S.A, afirma que não conhece ninguém da campanha do petista. Explica que, “lá atrás”, participou de uma reunião, da mesma forma que sentou com todos os candidatos de quem recebeu convite.
— Resumindo: não tenho vínculo político nenhum com ninguém — enfatiza.
Exportações
Questionado sobre a preocupação com eventual possibilidade de o novo governo adotar taxação ou intervenção nas exportações do agro brasileiro, o ex-presidente da Abag diz não ver “nenhum sentido nisso”.
Tempos difíceis
Brito pontua que é preciso ter atenção especial em razão do momento vivido: o fim de um ciclo de preços altos dos produtos agrícolas com a valorização de insumos:
— Acabamos de trilhar o maior ciclo de preços altos de commodities. Esse ciclo está sendo trocado por alta de insumos, inflação mundial. Está chegando a hora que a gente precisa ampliar mercado. E só se faz isso por qualidade intrínsecas valorizadas pelo comprador.
Ele finaliza lembrando que “não tem bala de prata” e que no setor de alimentos “nada se resolve no curto prazo”.