Herança deixada por imigrantes açorianos, a cebola cultivada no Litoral Norte (foto) poderá ganhar o status de produto com Indicação Geográfica (IG), a exemplo de outros 12 itens do Rio Grande do Sul. Integrantes da Câmara Setorial da hortaliça decidiram dar o primeiro passo no trabalho de sua certificação junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
— A cebola faz parte da história e da cultura da região litorânea, sendo trazida pelos açorianos junto com o trigo e o centeio — comenta o historiador Luiz Aguinelo Martins.
Há dois tipos de IG: a indicação de procedência (IP), e a denominação de origem (DO). O processo para solicitação do registro exige pesquisa, coleta de dados e de depoimentos. É o que está sendo feito agora. No Brasil, existem 68 IPs e 30 DOs.
No campo, o momento é de preparação de mudas para a safra deste ano. Entre julho e setembro, serão transplantadas para canteiros definitivos, com a colheita sendo realizada em novembro e dezembro. Assim como em outras culturas, o custo de produção vem preocupando, aponta Evair Ehlert, engenheiro agrônomo da Emater. Dados compilados pela agrônoma Sarah Carvalho, do escritório de Tavares, apontam uma elevação, em relação ao ano passado, de 43% na despesa por hectare – agora em R$ 27,81 mil.
— O reajuste do preço do adubo e de defensivos está absurdo, impraticável. É possível que o produtor perca dinheiro dependendo do preço que será estabelecido para a cebola — analisa Ehlert.
Por essa razão, a estimativa é de uma área ligeiramente menor, de 4,5 mil hectares, com uma produção de 121,8 mil toneladas. Ao todo, quatro mil produtores devem trabalhar com a cultura neste ano, sendo que mais de mil estão em São José do Norte.
*Colaborou Carolina Pastl