Nascido em uma família ligada às atividades agropecuárias, Alexandre Rozado Vargas soube desde cedo o que queria fazer na vida. A lida com os animais, paixão herdada do pai, tornou natural o caminho até a profissão de cabanheiro. Hoje, acumula duas décadas na função e é reconhecido por seu trabalho.
O olhar atento e o cuidado no detalhe desse profissional são fundamentais para fazer campeões na pecuária de elite. Acostumado aos bastidores, ganha a linha de frente na Expointer, quando não desgruda o olhar dos animais.
Abaixo, veja trechos da entrevista em que ele conta sua trajetória.
Você sempre soube que queria trabalhar com pecuária?
Sou natural de Itaqui, na Fronteira Oeste, e meus irmãos são todos do agro, trabalham com a agricultura. Meu falecido pai era da pecuária, e acabei puxando mais para a atividade. Para ter uma ideia, escapava da escola para ir para fora, cuidar dos animais. Sempre gostei de lidar com o gado. Saí de casa novo, para trabalhar, e comecei a me dedicar mais a essa parte de gado de elite. Fui gostando, tentando me aperfeiçoar com pessoas, amigos que já trabalhavam com isso.
Como foi essa preparação?
Fui aprendendo com pessoas que me ajudaram muito. Estive em Palermo (feira tradicional de Buenos Aires, na Argentina), com profissionais que me ensinaram bastante, aqui no Rio Grande do Sul. Com amigos cabanheiros, nas exposições, no dia a dia, na prática. Na função mesmo, comecei dos 19 anos em diante, em Itaqui. Depois, passei pela Cabanha da Maya, em Bagé, estive um tempo em São Paulo e hoje trabalho na Quatro Linhas, em Guaíba (do técnico Mano Menezes).
Qual a rotina do trabalho?
O cabanheiro cuida desde a inseminação da vaca até o nascimento do terneiro, a evolução dele, a escolha do melhor animal. É uma preparação, um cuidado o ano todo. Saio de casa pelas 6h, 6h30min e não tenho muito horário para voltar. Sempre tem os imprevistos, além da rotina normal de trato, ração, feno, cuidado com o rebanho. Trabalhamos eu e mais duas pessoas, que me ajudam no dia a dia. Tem ainda os veterinários, um acompanha a parte reprodutiva, outro a sanitária. Eles passam as orientações para a gente.
O que é preciso para se tornar um bom profissional na área?
Tem de gostar do que faz. Estar disposto no dia a dia, porque bicho não tem hora, fica esperando a ração no campo. Na Quatro Linhas trabalhamos com angus, brangus e ultrablack. Fico responsável por todo o gado na fazenda. E tem dois profissionais junto.
Qual seu papel na Expointer? E no dia do julgamento, tem alguma superstição?
Saio terça-feira (31) para a Expointer e só volto quando acabar. Fico no alojamento. De dia, vou para o pavilhão (dos animais) e permaneço lá. De noite, fazemos rondas para cuidar dos animais. Podem se amarrar em uma corda, comer uma ração e se estufar, escapar da cama. Cuidamos o ano inteiro, quando chega perto do julgamento, o cuidado tem de ser dobrado. Sou devoto de Nossa Senhora, rezo. Converso com os animais quando estão no cabresto. Antes de ir para a pista, tento ficar o máximo de tempo possível perto do gado. Tem o preparo, a limpeza do pelo. Fico por ali. Até ir para a pista, já estou tranquilo.