O médico cirurgião Marcos Tang vive hoje uma rotina diferente em meio ao recrudescimento da pandemia no Estado. Com a escalada de casos e internações, as salas de recuperação cirúrgica deram foram reorganizadas para dar conta da demanda, e ele passou a atuar diretamente no atendimento de pacientes com o vírus.
— Virei um médico intensivista, estou na linha de frente mesmo — contou ele.
Da mesma forma, o produtor rural, proprietário da Granja Tang, em Farroupilha, na Serra, segue com o trabalho. O rebanho leiteiro exige cuidados ininterruptos. "A vaca não tem botão de pause", comparou, há um ano, quando da chegada do coronavírus ao Estado.
— Qualquer tipo de confinamento (ficar em casa, sem sair) exige uma boa alimentação. Então, temos de continuar com a produção — completa o também presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês.
A coluna voltou a conversar com o médico e produtor um ano depois da chegada da covid-19 ao Estado, para saber como ele tem lidado com o cenário atual nas duas atividade. Confira trechos. E, nesta sexta-feira (12), às 19h30min, aplauda da sua janela os profissionais da saúde de todo o Estado.
Na sua rotina de médico, o que mudou nesse um ano de pandemia?
Agora estou na linha de frente mesmo, as salas de recuperação foram transformadas para atendimento de covid-19. Não achávamos que ia acontecer esse embaraço tão grande na saúde. Temos de manter a economia viva, mas este momento é o mais crítico, e que pensamos que talvez não fôssemos atingir. Aconteceu de superar a capacidade, saturou. Todo mundo trabalhando em cento e tantos por cento (de ocupação). Aquele percentual de pessoas que ficam em estado grave é um número absoluto muito alto, a gente tem de cuidar muito.
E em relação ao trabalho na propriedade? O que mudou?
A produção continua. Porque qualquer tipo de confinamento (ficar em casa, sem sair) exige uma boa alimentação, então temos de continuar com a produção. Com todo o cuidado, com cuidado total, mas evidentemente que não pode parar. É preciso seguir produzindo.
A situação atual tem sido muito exaustiva, especialmente para os profissionais da saúde. Como lidar com isso?
Isso está exigindo muito. Três coisas podem acontecer e só uma é boa. Pode-se ter ataque de pânico, desespero, ficar indiferente. Ou manter a razão, a ciência, capacidade de raciocínio em meio a tudo isso. Temos de achar o equilíbrio. É bem difícil manter essa linha.