O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Em um ano no qual os brasileiros passaram a beber mais vinho, com o consumo per capita pulando de 2 para 2,8 litros a cada 12 meses, a Aurora registrou o maior faturamento de sua história. Em 2020, a cooperativa de Bento Gonçalves, na Serra, teve receita de R$ 701 milhões, expansão de 26% em relação a 2019. O crescimento de dois dígitos é resultado da comercialização de 81 milhões de litros de bebidas à base de uva, incremento de 7,5 milhões de litros.
O diretor superintendente da Aurora, Hermínio Ficagna, aponta que fatores como o aumento no consumo das bebidas durante a pandemia e os reajustes motivados pelo incremento nos custos produtivos alavancaram o faturamento. Além disso, Ficagna lembra que o resultado poderia ter sido ainda mais expressivo, caso não faltasse matéria-prima no último trimestre. Com escassez de garrafas e outros insumos no mercado, a elaboração de alguns produtos, como espumantes e sucos, acabou impactada.
- Só não vendemos mais no ano passado porque faltou vasilhame. Chegamos a ficar três meses sem alguns produtos, como espumantes moscatéis. Deixamos de faturar mais de R$ 50 milhões pela falta de espumantes e suco de uva - constata.
Um dos principais destaques em 2020 foram os vinhos finos, com a comercialização alcançando 9,7 milhões de litros, o dobro do ano anterior. O volume equivale a 40% do total da bebida consumida em todo o país no período. Entre rótulos finos e de mesa, as vendas chegaram a 4,2 milhões de caixas. Na temporada passada, também saíram da fábrica serrana 823 mil caixas de espumantes e 724 mil caixas de keep cooler.
Ainda assim, o suco de uva integral se manteve como carro-chefe da empresa, totalizando 5,3 milhões de caixas negociadas. O resultado representa incremento de 17% frente 2019.
No mercado internacional, a cooperativa viu as exportações atingirem a marca de 868 mil litros, um salto de 47,6% em relação ao período anterior. Os produtos da Aurora foram embarcados para 18 países, sendo a China o principal destino.
No próximo domingo (14), a cooperativa completa 90 anos, projetando mais um ano de demanda aquecida. Nesta safra, as 1,1 mil famílias associadas devem colher 70 milhões de quilos da fruta, elevação entre 15% e 20% frente à vindima anterior, que havia sido impactada pela estiagem. A expectativa é, pelo menos, repetir o volume de vendas de 2020.