O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Em mais um ano de forte demanda para a suinocultura, principalmente vinda da China, a cotação do suíno no Rio Grande do Sul segue batendo recordes. Na semana encerrada em 30 de outubro, o preço ao produtor independente pelo quilo vivo do animal chegou a R$ 8,79, conforme levantamento da Associação dos Criadores de Suínos do Estado (Acsurs). O resultado renovou o maior patamar nominal já atingido desde 2002.
No acumulado do ano, a cotação do suíno no Estado apresenta alta de 55,9%. No entanto, os custos dos insumos utilizados na composição da ração dos animais dispararam em ritmo superior. A saca de milho utilizada pelo produtor para compor a ração dos suínos chegou a R$ 83,67, elevação de 97,6% desde janeiro. Já a tonelada do farelo de soja é negociada a R$ 2,7 mil, incremento de 106,8% no ano.
– O preço do milho e do farelo de soja explodiu nos últimos dois meses, chegaram a patamares que sequer esperávamos que acontecessem. Quase 90% da ração é composta por milho e farelo de soja – lembra Valdecir Folador, presidente da Acsurs.
Na semana passada, a indústria avícola, que também tem forte consumo de milho e farelo de soja, anunciou que empresas gaúchas diminuiriam o ritmo de produção e reajustariam os preços no varejo em até 25%. As medidas visam à redução do consumo de grãos e tentam alinhar os preços ao atual patamar dos custos.
No caso da suinocultura, que tem ciclo mais longo, com abates planejados com quase um ano de antecedência, não há como desacelerar a produção de carne. No entanto, medidas são analisadas pelo setor para tentar amenizar impactos.
– O setor está olhando a possibilidade de reduzir o peso médio dos animais abatidos. Mas isso é algo que exige programação, não se faz tão rápido – diz Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul (Sips).
A carne suína teve preço reajustado recentemente. Em outubro, o IPCA-15, a prévia da inflação oficial calculada pelo IBGE, apontou alta de 8,11% no produto em Porto Alegre. Kerber descarta reajustes nas próximas semanas.