O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A recente movimentação da nuvem de gafanhotos na Argentina mantém o Rio Grande do Sul alerta em relação à possível entrada no território gaúcho. Com a aproximação dos insetos nos últimos dias, uma estrutura composta por cerca de cem profissionais de órgãos estaduais e federais e 70 aviões agrícolas estão de prontidão para agir em caso de necessidade. O número de aeronaves disponíveis poderia chegar a até 400, segundo o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag). Ainda assim, no momento, a Secretaria Estadual da Agricultura vê como remota a possibilidade de ingresso no Estado.
O Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Alimentar da Argentina (Senasa) indica que a nuvem se localiza no município de Federación, na província de Entre Ríos, a cerca de 20 quilômetros do Uruguai. Com isso, os insetos estariam a cem quilômetros de Barra do Quaraí, na fronteira do Rio Grande do Sul.
A estimativa do secretário da Agricultura, Covatti Filho, é de que, caso o plano de contingência seja acionado, o custo poderá chegar a R$ 600 mil para 21 dias. Os recursos foram liberados pelo Ministério da Agricultura. O Estado já tem em mãos a relação de agrotóxicos a serem aplicados no combate aos gafanhotos e mapeou seus fornecedores, mas a compra só será efetuada caso os insetos cheguem mais perto.
- Estamos fazendo o monitoramento, mas só podemos efetuar qualquer aplicação em caso de entrada no território brasileiro – frisa.
A estimativa é que a nuvem tenha tamanho entre 20 e 30 quilômetros quadrados, totalizando mais de 500 milhões de insetos. Com o avanço de uma frente fria a partir desta quinta-feira (23) é provável que eles diminuam a movimentação. O diretor-executivo do Sindag, Gabriel Colle, acredita que os argentinos vêm sendo bem-sucedidos no combate à praga. No entanto, avalia que algumas lições podem ser retiradas pelos brasileiros.
- O grande aprendizado que podemos tirar é melhorar o monitoramento. Os argentinos estão com bastante dificuldade neste aspecto, pois a nuvem chegou a parar em uma área de difícil acesso - argumenta Colle.
Se entrarem no Estado, os insetos podem causar prejuízo de até R$ 1 milhão por dia nas lavouras. Isso porque os gafanhotos poderiam comprometer pastagens e as culturas de inverno, como trigo e canola, que estão começando a se desenvolver.