Na esteira de possível acordo entre China e Estados Unidos, a soja engatou em outubro valorização na cotação em dólares. Nos contratos com vencimento para maio do ano que vem, o preço do bushel (medida equivalente a 27,2 quilos), fechou o mês a US$ 9,57, alta de 0,81% em relação ao início.
Para o analista da Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez Roque, esse aumento — o grão chegou a registrar quantias ainda maiores ao longo do período — é reflexo principalmente desse capítulo da negociação entre as duas superpotências. Também pesou a revisão para baixo dos dados da safra americana.
No início do mês passado, houve aceno de que os chineses voltariam a comprar produtos agrícolas — cerca de US$ 50 bilhões — dos EUA. E houve embarques do grão americano. Mas o consultor em agronegócios Carlos Cogo pondera que os números contradizem a promessa:
— Os chineses compraram neste ano 6,2 milhões de toneladas de soja dos EUA. Na mesma época no ano passado, tinham comprado 16 milhões de toneladas.
E, se por um lado a cotação na Bolsa de Chicago subiu, por outro, o real ficou menos desvalorizado frente ao dólar, o que acaba influenciando os preços em reais.
— No pico da variação cambial, o preço da soja, em reais, subiu mais de 20% — pontua Cogo.
Gutierrez avalia que a concretização do acordo para por fim à guerra comercial travada entre as duas superpotências seguirá tendo papel importante no mercado:
— Tudo dependerá se vai ou não sair. Se sim, devemos ter preços na Bolsa de Chicago mais fortes, mas prêmios (para a soja brasileira) mais fracos. E aí, o diferencial será de novo o câmbio.
Como houve pouca evolução do acordo até o momento, a perspectiva é de bons preços — e de procura — pelo produto do Brasil até o início de 2020.
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